PECADORES

Assisti ao filme Pecadores do diretor Ryan Coogler. O filme é uma experiência sinestésica, estética, histórica, mágica, surreal e arrebatadora. Muitas camadas meus amigos, mas o meu recorte é no universo do Blues e dos músicos que são lendas do Blues Robert Johnson e Buddy Guy. No filme, em 1934 os negros, apesar de "livres" ainda cultivavam algodão, sofriam a segregação, o ódio e a violência da Ku Klux Klan e era muito difícil para um negro abrir um negócio, era um desafio, pressionados entre as plantações de algodão, a religião, a segregação racial e o desejo de liberdade. O filme não é sobre Robert Johnson, mas é impossível não fazer uma analogia. O talento imenso dele, reza a lenda, surgiu do pacto que ele fez com o diabo numa encruzilhada . A história começa com o retorno de Chicago dos gêmeos, interpretado por Michael B. Jordam que voltam para a sua cidade Mississippi com uma enorme quantidade de dinheiro roubado de Al Capone e iniciam um jornada para montar uma negócio e recomeçar a vida e abrir uma casa de Shows. Ryan Coogler amplia a dimensão do músico de Blues por meio de Samy que mesmo vivendo o conflito da religião e da ameaça do diabo, decide desenvolver o seu talento, por si próprio sem evocar forças sobrenaturais, apesar da pregação do seu pai, pastor de Igreja. O momento mais especial do filme, é quando ele toca o Blues e no mesmo instante se abre um portal e e a sua música e talento transcendem o espaço e o tempo, a música projeta um universo onírico numa dança multodimensional do passado, presente e futuro numa única manifestação fenomenológica, que traduz com maestria o universo e essência do música. A presença dos vampiros é uma metáfora, que nos revela todo o legado da cultura negra que foi vampirizada, primeiro pela força física dos negros escravizados e depois o universo simbólico e mágico das raízes da criação do blues e da arte, que até hoje continua viva na cultura Americana. É lindo ver o cinema revelando com profundidade a beleza que brotou do horror e do sofrimento.

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