As asas nascendo de dentro pra fora.

A fluidez de viver um movimento pleno na presença de alguém e ao mesmo tempo, permanecer leve para quando os pesos chegarem e seguir em frente quando o momento escapar. Mas não é nada fácil este movimento de fluidez na vida e pode ser também pesado quando nossos sonhos "sólidos se desmancham no ar" como disse Karl Marx " tudo que é sólido desmancha no ar." Eu sonhei que chovia, eu entrava numa casa com duas esculturas e elas ganhavam vida e narravam com gestos uma história até que aos poucos, as esculturas foram se desintegrando até virar pó de mármore e voltavam a forma origiginal da escultura. Eu sentia que alma do escultor se manifestava para narrar todos os seus devaneios, nuances e sentimentos ao criar sua obra estática em movimento. Eu sempre fiquei intrigada com os escultores, fui modelo vivo e o movimento na imobilidade era um trabalho corporal diário. Era preciso ser leve, e pesada nos movimentos que precisavam de precisão e força muscular, a imobilidade. Exige tensão dos músculos do corpo e controle da distribuição do peso e ao mesmo tempo, eu sentia a vida acontecendo no meu corpo, na imobilidade da pausa no movimento e no diálogo do Apolíneo com o Dionisíaco. A dança cósmica da dança de Shiva o equilíbrio no desequilíbrio, dançar a ordem no caos. Ser leve, solta e
insana com os pés na terra brotando raízes. As asas nascendo de dentro pra fora.

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