As Correntes de San Patrignano

Assisti a uma série Italiana, As Correntes de San Patrignano, sobre a história de um centro de reabilitação para dependentes químicos, fundada por Vincenzo Muccioli. Nos início dos anos 70, os jovens ainda estavam vivendo os efeitos dos ideiais da contracultura. O movimento hippie, já estava dentro de uma embalagem com as bençãos do capitalismo. Paz e amor, bem estar, meditação, Yoga, já estavam catalogados e vendidos nas prateleiras dos supermercados da vida. Gurus e místicos da índia, discípulos de Gurus e gente iluminada com os bolsos cheios de dinheiro. Os Beatles perceberam tarde demais. Quando estavam na India no Ashram do guru Maharishi Mahesh, perceberam que eram garotos propaganda da meditação transcendental e a montanha de dinheiro que movimentava todo aquele comércio da paz e amor e da iluminação fácil. O legado da busca sincera dos Beatles, é imensa. Temos a obra prima o Album Branco, que foi concebido no Asharam e toda a influência de George George Harrison o meu Beatle favorito e graças a ele temos a difusão do instrumento incrível o Sitar, a música Clássica Indiana, espiritualidade e no meu caso a dança Clássica Indiana. Dois lados de uma moeda. Não sou contra o dinheiro, dinheiro é bom, depende de como se usa. O rock foi perdendo espaço para as novas gerações, o punk, a música eletrõnica, é natural que cada geração questione a anterior e considere ultrapassado e busque a inovação. O sexo depois da pílula, da liberdade, sofreu um golpe duro com a chegada da Aids. O documentário é sobre as drogas, efeitos devastadores e suas consequências e horrores. A Itália não sabia o que fazer com a chegada da heroína, e a enorme quantidade de sofrimento do vício. Para uma geração era o ponto final de um ideal de espansão de consciência por meio delas.Depois da experiência transcendental do efeito da experiência, é preciso cuidar da própia vida, com disciplina, foco e tudo que a vida adulta exige. Se no início se comprava drogas dos hippies, com o tempo o tráfico se estabeleceu. E o que fazer com quem só queria ficar chapado e viver a liberdade e estava viciado em heroína? Naquela época na Ítalia era inexistente uma política de proteção para os dependentes químicos, pouca coisa mudou no mundo, mas naquelá época não havia nada na Itália. Vicenzo Muccioli abriu a sua propriedade, para receber estas pessoas e tratá-las, com dignidade e amor.Um projeto de comunidade alternativa Autossustentável. Ele vestiu o arquétipo de pai protetor de uma causa, era um homem intenso que defendia o seu ideal com paixão. E com o tempo,deu muito certo e o governo da Itália decidiu enviar os dependentes químicos para cumprir as suas penas por delitos cometidos, para serem recuperados no San Patrignano, e a oportunidade de se curar e mudar de vida. Tudo poderia ser lindo. Apesar de salvar muitas vidas, aconteceram exageros, castigos punições, correntes para aprisionar os que queriam fugir e voltar para o vício. No documentário ´temos relatos de pessoas que foram curadas na comunidade. E quando chega o poder, dinheiro, fama e admiração, a imagem de paraíso vai se descontruindo. As enormes somas de dinheiro patrocinados principalmente por um grande magnata do petróleo que teve a sua vida resgatada. E acontecem violência, abusos, castigos, dois suicídios e um assassinato. Tudo muito bem registrado pela mídia e a opinião pública. São muitos pontos de vista e parece que todo mundo está certo no meio da contradição.Ele salvou vidas num momento em que estas pessoas eram tratadas como escória da sociedade e por outro lado a vaidade e o poder o tornou impossível de cuidar do que acontecia nos bastidores da maior comunidade para de deendentes químicos da Europa. E Vamos assitindo a glória e a decadência e o empenho desse homem que foi preso, julgado punido, mas que enfretava com uma imensa paixão a sua causa. Percebi que existe um ponto cego na humanidade, um lugar onde a liberdade e o livre arbítrio nem sempre funcionam, tem um espaço na mente que não depende da força de vontade e do desejo de mudança, é preciso tratar, não desistir do paciente, e ele não desistia e tentava relmente curar cada pessoa. No entanto de 100 habitantes é possível dar atenção, porém dar atenção a 2.500 pessoas, é muito complicado, e a necessidade de delegar funções para pessoas inexperientes em muitos casos era inevitável. Muito dinheiro, fama e a relação íntima com políticos e gente influente, mídia, eventos. O documentário nos oferece toda a receita do cardápio da narrativa do herói, da glória e a sua decadência e ressurreição. Uma verdadeira dança da sombra e da luz. Foi nesse lugar que tudo saiu do controle. Apesar da sua morte, o centro de reabilitação continua funcionando até hoje. Um herói e um vilão. Será que somos todos heróis e vilões de alguém? De acordo com os sábios, depende muito do que decidimos alimentar em nós, a nossa luz ou a nossa sombra. E para fazer o bem tudo se justifica?
Eu acredito que os fins não justificam os meios. Gandhi não é unanimidade na Índia.

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