ANORA

Estou muito impressionada com o filme Anora. do diretor Sean Baker. Eu ainda prefiro Fernanda Torres como melhor atriz e Demi Moore e cinco prêmios, achei um exagero. Mas o filme é muito bom, um essencial mergulho sobre as relações de poder e como nas relações de consumo, se tornar mercadoria é deletério e os ricos mercantilizam os pobres. É uma filme que começa eletrizante e acompanhamos a vida de diversão de um garoto milionário Russo. Mas o filme vai descendo as escadas para o porão e o que era diversão e riso para eles, se transforma em perversidade. O final do filme me pegou, é uma anatomia da alma de Anora. Ela nunca tinha experimentado na vida, um instante de delícadeza e intimidade. A sua única condição na vida era ser moeda de troca na prateleira do prazer e das emoções baratas. É muito triste quando Anora recebe o primeiro ato de amor e generosidade na vida dela, sem nada em troca, e ela só conhecia uma forma de retribuição deste ato amoroso, o seu corpo. Ela oferece a quem a fez olhar para si mesma, e ela expressa a sua vulnerabilidade, saindo
invisibilidade por um instante. Ela teve a sua primeira percepção de si mesma, se percebeu como um ser humano , e não era um objeto para ser usado. Lembrei de Navalha na Carne Peça teatro do Dramaturgo Plínio Marcos, Neusa Sueli pergunta: "Será que somos gente?"

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