Respiração da alma

Abri o meu notbook com a seguinte frase" O abismo dos sussurros delirantes." não sei o autor da frase. Mas acordei com uma necessidade de viver o estraordinário, assisti muitos filmes sobre o profundo mistério de suportar existir. Clarice Lispector disse que esta é única matéria que a escola não nos ensina, a capacidade de suportar. Não tem receita, religião, coach que ensine. A arte me ajuda muito, mas a resposta não vem, os personagens podem apontar um sinal, e talvez aumentar a minha necessidade de deixar a minha vida mais poética. Eu encontrei uma pessoa, com os mesmos afetos para cinema e música, pensei, que incrível deve ser um sinal, mas foi um sinal mais prepoderante, um aviso sobre, a condição humana é muito mais complexa do que assistir um filme juntos na Mubi, mesmo sendo uma cereja no bolo, dos que somam inteligência e não se acostumam com o óbvio. A jornada de cada pessoa é única e individual, cada pessoa suporta e desfruta as suas escolhas de uma forma única e é intransponível. Dividir uma emoção com um público num show, no cinema e chorarmos juntos, o silêncio do pesar coletivo de cumplicidade que eu senti, depois de assistir 'Ainda estou aqui" no cinema. Mas como disse Janis Joplin é como cantar para uma multidão, fazer amor com todo mundo e voltar sozinha para casa. Somos seres sociais, e eu não abro mão de buscar conexões verdadeiras. Mas me sinto melhor sozinha, eu já me entendo e meu dou colo. Parece que nesta babel que virou o mundo, apertar botões e encontrar pessoas que pensam exatamente como nós, não garante o sentimento de pertencimento. Segundo os orientais a fragmentação é uma ilusão, nós somos o todo e parte do todo, " eu sou a onda, faz de mim o mar..." Talvez o mergulho numa experiência coletiva é uma respiração da alma, precisamos sentir que fazemos parte da espécie humana. Acho que é por isso, que existem tantas seitas, partidos, religiões. Os lugares em que eu me senti mais sozinha, foi num templo e numa comunidade alternativa, e em grupos de autoconhecimento. Continuo me sentindo estranha,me agarrando a momentos de profunda conexão quando eles acontecem. Somos impermanência e eu estou lutando para aprender esta lição, eu queria me iludir com a sensação de que alguma coisa é para sempre, mas Renato Russo já me jogou um balde de água fria, quando disse que "o pra sempre, sempre acaba."

Comentários

  1. O grande lançe não é suportar existir.. é amar existir! Enquanto dure... Abraço!

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    1. Existir conversa com tantas camadas, existir é uma dádiva, mas nem sempre tenho a mesma percepção, às vezes acaba doendo. No entando é muito sublime, o hoje, fazer meu treinamento de dança Indiana, sentir prazer de estar viva. Acho que Clarice escreveu sobre suportar alguns momentos, concordo com ela e com você. Somos luz e sombra.

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