Assisti ao filme A garota da Agulha, uma produção Dinamarquesa que está inclusive, concorrendo ao Oscar de filme Internacional, com a direção de Magnum Von Horn.
Estou ainda processando este filme que é o puro suco da natureza humana, diante de uma guerra, da escassez e do horror de lutar pela sobrevivência. É quando a subjetividade abre espaço para o grotesco, a indiferença com o sofrimento e a brutalidade de ter que lutar pelo básico que dessacraliza a vida. Karoline é despejada quando o marido desaparece na primeira guerra mundial, e a sua vida vai piorando de uma forma muito degradante e vai ficando cada vez mais trágica. Uma Antígona que é salva de uma situação terrível que inclusive é a referência do título do filme para um dilema moral. Karoline é uma personagem de ficção e nos conduz no filme para narrar um crime baseado numa História real que que aconteceu há mais ou menos 100 anos na Dinamarca. Dagma foi uma assassina que até hoje continua no imaginário de crimes horrendos na Dinamarquês.
O filme é um pesadelo tão cruel que é comovente. A guerra que na presença da morte emerge a indiferença ao sofrimento. A trilha sonora e a fotografia é sensacional, parece que estamos assistindo ao nascimento do Expressionismo, a emoção saindo do filme e entrando no nosso peito. As duas personagens Karoline e Dagma, diante daquele horror de suas vidas, parece crime e castigo do Dostoiévski num dilema moral infinito. Tem uma cena
das duas, numa sessão de cinema se entorpecendo, para aguentar seus destinos trágicos é de chorar, é um agudo desejo de morte e de vida um pesadelo arrebatador de suas vidas. As Atrizes impecáveis. São muitas camadas de desumanização mesmo me chocando com os atos irracionais dos personagens.
Sobre a humanidade, até ficou mais claro, no auge da minha surpresa, compreender o escárnio e o divertimento com a dor alheia como mero entretenimento, o lugar onde não tem como a poesia penetrar. O sublime penetra nos pequenos momentos quando a ternura aparece, em forma de salvação da agonia de alguém. Todos os momentos de beleza movidos por atos de bravura de se sensibilidade com o próximo no meio do desespero e do caos.
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