sou incapaz de dançar algo que não esteja num processo simbiótico comigo mesma, minha arte é um reflexo de mim mesma e da teia que vou tecendo a partir de mim mesma. Ultimamente continuo tendo a índia como referência de pesquisa, mas os temas que danço tem muito mais a ver com a minha busca espiritual e existencial.A dança é o meu instrumento de crescimento e sei que meu corpo está abrindo espaço para esta dança que é uma cerimônia, um convite para se dançar na alma de quem assiste. Este ano estou fazendo apresentações dentro da programação de uma mostra de dança, cujo intuito é levar a dança para cidades do entorno de Brasília. Ainda fico surpresa com aceitação de minha dança que é diferente de tudo, inclusive da dança clássica Indiana tradicional. Uma estética que apresenta referência à Índia e no entanto tem muito de minha essência e busca. Como chego à alma das pessoas em cena é um mistério para mim, principalmente as crianças ficam encantadas.O importante é que cansei de tentar me explicar e buscar respostas para o efeito que minha dança causa nas pessoas. Mas no momento estou aprofundando minhas teias que ainda estão em plena construção, ainda me sinto no abismo. Ontem no final da minha aula de Biodança, minha facilitadora me pediu para dançar a chuva. Eu me preparando para ir embora, todo mundo de pé; dancei diante de todas, era um público feminino, dancei chuva, e a sabedoria dos meu braços que eram sinuosos em contradição com o ritmo da terra que recebia batidas dos meus pés.Era uma pulsação, era força e intensidade.Eu estou pronta para viver, para dizer sim. Sem ensaio,coreografia e até concentração, eu aceitei ao convite inusitado e fora do contexto, eu nunca dancei para um platéia em pé, sem nenhum rito ou cânone da dança.Simplesmente fui eu mesma e nem senti necessidade de aplauso. A vida acontecendo dentro de mim por um instante. Eu não dancei a chuva. A chuva estava dentro de mim, virei água.
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