Um fim de tarde, fui surpreendida com o som do interfone me chamando. Recebi na portaria da minha casa, dois vasos de plantas, flores vermelhas e amarelas. Fiquei feliz e ao mesmo tempo, pensando em como honrar e cuidar deste ato de amor que eu recebi da minha aluna. As plantas sabem muito bem captar ações amorosas. Coloquei no meu altar de preciosidades. Faz um tempinho que ganhei este mimo, e elas continuam vivas, verdes e alegres. Antes eu acreditava que as imagens valiam mais do que as palavras, hoje as atitudes falam muito mais do que as palavras, no meu coração. É a arte das camadas de afetos tecidas e em conexão. Isso é de um refinamento... Pequenos gestos gradiosos. Outra aluna, pintou a minha essência dançando, e me deu um presente incrível de aniversário. Eu me vi naquela pintura que agora enfeita a parede da minha sala. Todas as minhas alunas me trouxeram beleza por meio da dança e algo muito maior aconteceu.
Arte para mim é a tradução destes gestos, é quando o cotidiano fica sublime. Preciosidades escondidas em mim que eu nem percebia que existiam. Eu sou um mistério. Me ofereço numa bandeja de prata, me traduzo nos meus gestos sinceros quando danço e recebo do universo a beleza de quem eu toquei o coração.
Saraswatti, a Deusa da sabedoria Hindu, representada tocando uma Veena, protege as 64 artes. É quando o ser humano deixa de ser um expectador da vida e se transforma numa uma obra de arte e que faz do seu cotidiano uma ação sublime. Uma presença que faz parte da totalidade.
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