APRENDER A FLUIR NO PROCESSO

Um aspecto interessante na dança Clássica Indiana que me move é a ênfase no processo. É importante desenvolver a força na delicadeza, o desequilíbrio no desequilíbrio , e a assimetria na geometria corporal. A falta de lógica aparente, no treinamento das imagens que pertencem aos sonhos no corpo e a arquitetura símbolica do gesto, me devolve a poética do inusitado, da pergunta, e da vida no presente. O corpo tem permissão para errar, sair do comum, perder o rumo, encontrar o caos. E é justamente na incerteza, no abismo, no encontro com a minha sombra sendo integrada , que o amor passa a ser o centro do meu processo de aprendizado. Se existem infinitos mundos para conhecer posso visitar minha grandeza e a minha pequenez. Resido nesta dimensão do reino da incerteza e da derrapagem que me faz ser humilde, me faz julgar menos, me faz olhar o mundo com suas atrocidades.
Aprendi com o diretor de cinema Felline que estamos "anestesiados pelo excesso de estímulos" e que se o mundo se tornou refém da realidade", ele nos mostra através da seus filmes, a importância da memória, do sonho, do humor, e que nós temos a capacidade de construir a nossa própria narrativa poética, nosso espaço de transcendência mesmo na crua realidade do tempo e do espaço no cotidiano e na luta pela sobrevivência, primavera sempre chega, na Índia ela é recebida colorida.

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