Tala

Sonhei que caminhava muito para perceber que tudo o que via tinha a função de ser eterno, observei a presença do sagrado e senti a dimensão da infinitude, mas o curioso neste sonho era o fato de não ter a presença de nenhum Ser humano e no entanto, dialogava com alguém, será que era comigo mesma? Eu sempre me frustrei com a impermanência das coisas e ultimamente penso bastante na atemporalidade e sobre o que é efêmero. Minha matéria- prima, o lugar de onde me expresso na vida se desmaterializa diante de quem me vê, eu me danço e me desmaterializo a cada performance. Os minutos que antecedem minha apresentação sinto que vou morrer e quando me lanço no espaço e me desenho no ar preencho todos os meus espaços vazios, mas quando executo meu último gesto volto a sentir que voltei à estaca zero, uma nova vida precisa ressuscitar dentro de mim. Eu sinto que carrego a ancestralidade que reside na minha alma e ao mesmo tempo estou submersa na contemporaneidade que me impede de me engessar numa tradição sem dar ouvidos aos meus anseios. Ultimamente estou debruçada na raiz do ritmo em como dançar com os olhos dentro de uma tala ( ritmo) para ter o privilégio de dançar uma raga( melodia).

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