Hasta-mudra

Meu processo de investigação da dança clássica Indiana, me fez mergulhar em meus fragmentos, é que essa dança te faz perceber o significado de cada parte do corpo e no final você se sente integrado. A profundidade da complexidade do estudo e treinamento desta técnica me deu de presente um novo estado de presença e a consciência das minhas mãos. Hasta ( mãos) e mudra ( selo) indicam, em sânscrito, os gestos das mãos cujo o uso remonta às representações sagradas desde os tempos dos Vedas( cerca de 1.500 a.C) Esses gestos eram usados pelos sacerdotes enquanto repetiam os mantras, as palavras mágicas religiosas. A introdução dos mudras na dança, a partir do período Clássico da arte Indiana, é descrita e codificada em inúmeros tratados e muitos deles ainda manuscritos sobre os quais se fundam os vários estilos de Dança Clássica Indiana, começando pelo Bharatanatyam, estilo que treino e pesquiso. No ocidente em 1664, o Inglês John Bulwer publicou um livro muito avançado na época intitulado Chirilogia que reunia mais de duzentas imagens de gestos feitos com as mãos, ele se inspirou na tradição Grega. Esse foi o primeiro exemplo ocidental, na época moderna, a considerar a mão maido que um instrumento para indicar os números, ele queria criar uma língua compreensível à todos. Em 1806, Gilbert Austin, outro Inglês elaborou a Quirinomia para atores, dançarinos, oradores e políticos, visando levá-los a uma retórica codificada de gestos com as mãos. Podemos dizer que, enquanto no Teatro oriental, o comportamento das mãos foi recriado, adquirindo um verdadeiro valor simbólico, no ocidente a única codificação cuidadosa foi a da linguagem dos surdos-mudos, que mesmo existindo desde os tempos mais remotos, só no século XIX encontrou sua sistematização definitiva, porém esta codificação pertence ao cotidiano. A fala das mãos é puro som, e principalmente nossos dedos, assim como nossos olhos, mudam continuamente de tensão e de posição, não só quando falamos, quando agimos ou reagimos para pegar, empurrar, apoiar, acariciar, tocar, ampliam nossos Estados de consciência por que as mãos estão diretamente ligadas ao cérebro. Quando temos consciência deste poder aumentamos nossa potência e a capacidade de meditar, curar dores e entrar em profunda conexão consigo mesmo e com o todo. Na cosmovisão hinduista o "Todo" se desintegra em "muitos", e por sua vez os muitos voltam-se para a unificação do todo.