Sentir a própria pulsação e uma certa insanidade temporária. Estar integrada na totalidade. Ser sutil e acontecer no instante, existir no presente. Minha dança acontece nos detalhes, observo para construir sentido. Quando perco o sabor do ritmo da vida, perco o sagrado contido nas coisas e acabo caindo no vazio, fico paralisada no tempo. Dançar e estar em pleno gozo,em constante diálogo com a natureza, e a dança cósmica do universo. O perigo de perder a sintonia com a vida é perder a poesia é quando o vazio de uma existência entorpece os sentidos , Pior do que perder a capacidade de sonhar é não sentir a beleza, e ser totalmente pragmática e utilitária. Dançar para quemFaz sentido ainda propor arte com sentimento e alma? "Se tiveres dois pães, vende um e compra um lirio." Este provérbio Chinês, tem a sabedoria contida no seu cerne, precisamos do pão para alimentar a matéria e da beleza para alimentar o espírito. Para experimentar a beleza no corpo e sentir a vida, deveria ser prioridade de todos nós, numa sociedade conceitual, baseada no discurso e na palavra, onde o mercado organiza" tudo e não permite que a arte passe pelo caminho da transcendência, e da separação do si mesmo para se sentir unidade.
Cada pessoa precisa encontrar e lutar por espaços afetivos,onde as leis do mercado não tenham penetração no sentido de "rotular" e embalar para vender, antes que a poesia se instale na alma de cada um. Não sou contra a economia do mercado, no sentido literal da palavra, todo artista precisa sobreviver, pagar impostos, é difícil fazer poesia sem pão, mas "fica faltando um pedaço".
" Eu sou um ponto fora da curva", quero
me entender como ser histórico, quero uma arte mais humana e permanente. Quero uma dança que brote das minhas raízes e transforme através do diálogo e da força do inefável . Ser um instrumento de beleza e colocar poesia no cotidiano de alguém. Pensei no mito do herói do Joseph Campbell. O herói enfrenta suas provas e quando vence a si mesmo, volta com o seu elixir da vida, volta para ajudar os demais. Vencer a si mesmo para servir à humanidade, ao invés de se servir da humanidade. William Shakespeare produziu Rei Lear, Boccaccio escreveu Decamerão, Isaac Newton criou a teoria da gravidade, durante quarentena de peste.
Renato Russo disse:
" Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?"
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