PAUSA

Lenine, compôs uma canção muito tocante sobre o quanto a vida acelera e ele prefere a valsa. Nesta simples analogia sinto a sabedoria do meu caminhar lento para mim mesma. Eu sei que muita gente detesta, mas eu adoro filmes de estética oriental. Principalmente os filmes Iranianos com planos longos, imagens quase paradas, poucas ações e tudo muito carregado de sentimento. Eu acredito nas ações que sejam carregadas de sentido onde o tempo é uma fenda que transcende o espaço.Eu percebo este momento de construção de presença quando me encontro com o público e começamos a dialogar através do silêncio da minha dança. Temos que ter vida interior só assim olhamos o inefável, cobrimos de sentido nossa existência. Uma vez vi um documentário com o registro de uma aula de interpretação de um diretor Francês. Nesta aula ele pedia para a atriz observar pessoas em jejum, pessoas saindo de uma igreja e olhasse o estado energético daquelas pessoas. Era este estado de energia e prontidão que ela tinha que criar em torno de si mesma. Uma vibração que transcende a superficialidade,ficar em casa,pode ser a oportunidade de se visitar. . Muito significativo e profundo para nos lembrar da nossa humanidade . Muita coisa vai mudar,a nossa relação com a nossa intimidade também,filmes com propostas semelhantes, lives, com performances que nos levam a labirintos de universos simbólicos e oníricos que nos fazem sair dos automatismo para nos lembrar quem somos e o que estamos fazendo aqui. Eu acredito no movimento, no ritmo e na intensidade da vida e sei da importância da ação,do verbo e da loucura do caos, mas é muito bom quando encontramos ordem no caos, silêncio na vertigem. Muito rico quando encontramos um ritmo, uma dança que seja também aquela pausa que a nossa alma precisa. A humanidade está no movimento da pausa,mas é só uma pausa para um novo movimento, uma nova coreografia.

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