POESIA PARA ADOÇAR O GESTO

POESIA PARA ADOÇAR O GESTO O deserto é uma metáfora da árida paisagem psicológica, onde a criatividade e a geratividade estão ausentes, onde nada floresce e a vida é sem sentido e emocionalmente monótona. Para materializar uma ideia vou me costurando através de vários caminhos, e mutas vezes com um terrível antagonismo do processo inicial. Literatura para dissecar o universo de possibilidades para serem transformadas em gesto, movimento. Necessito do cinema e psicologia, investigo meus sonhos e anoto.A arquitetura tem papel importante na construção coreográfica, na relação do espaço com o corpo e o tempo A fotografia é muito importante na construção da minha gestualidade, me traduz. Todos os atalhos para me perder no caminho, virar de cabeça pra baixo e me distanciar. O papel branco, o momento que simplesmente não sabemos onde nosso caminho de investigação vai dar. Mais do que qualquer resultado objetivo, de conhecimento ou comportamento, conduz ás fronteiras do desconhecido. Apenas abre novos significados e sentidos na vivência, para espaços conscientes, convida ao acolhimento do não conhecido, não pensado, não vivido.Chegamos onde não entendemos.Vivemos o "entre". Por mais angustiante que seja, entrar nesse universo novo, mesmo trilhando um processo temeroso, rumo ao "não sei onde vai dar a estrada", vale a pena concretizar uma ideia , projeto. Eu considero fundamental sair do reino das certezas, das fórmulas prontas, a vida é impermanência , sempre apostando nas dúvidas,.Quando não arriscamos, mergulhamos numa falsa segurança, somos impedidos de sentir a emergência do novo. A travessia da criação é bloqueada, e a alma fica no deserto. Minha dança pode ser a irrigação dos meus jardins da alma,um antidoto contra a desertificação.Somos trezentos, como dizia Mario de Andrade. "A minha casa vive aberta, abre todas as portas do coração".

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