MARIA

Assusta muito me definir, é muito fácil me sentir, mas não se trata de diminuir uma existência complexa com definições, mas eu sou indefinível, uma corrente elétrica que passa pelas minhas veias e sai pelos poros. Nada pode me apertar, nem sapato, até meus peitos se apertarem no meu sutiã, pulam para fora, chinelo é para andar na rua, prefiro meus pés livres. Posso dizer que sou uma busca, uma insistencialista, nunca resiliente, detesto esta palavra da moda, eu resisto mas não volto igual, nem diferente, volto inefável, nenhuma palavra cabe dentro de mim. Então caminho soltando labaredas internas, como um vulcão em erupção que explode na minha dança, o lugar onde plenamente me revelo. Não sei o que sou, mas sei que preciso absurdamente me expressar, olhar a vida com assombro, eu não sei ser mais ou menos, bipolar assumida vou na alegria para a tristeza, nenhum sentimento é varrido para debaixo do tapete, aliás tapete só para voar,sem celular,sem chip, desorganizada, e pensei: Tempo de me polir.Eu nem preciso escrever, eu sou uma fraude de mulher disfarçada de buscadora e alquimista. Mas está pessoa aqui é incansável, honestamente continua sendo camadas, sendo labirinto, torta e ao mesmo tempo sou administradora do meu caos, eu já sou capaz de chegar ao fim do dia e me dar parabéns, e um abracinho, tomo banho e passo perfuminho. É que a aventura de ser humana dói e ao mesmo tempo é uma delícia.

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