A ATRIZ QUE DANÇA AS PALAVRAS

NĀṬYA - TEATRO-QUE-DANÇA AS PALAVRAS - E O NAṬA - ATOR-QUE-DANÇA AS PALAVRAS "Segundo o Nāṭyaśāstra (Rangacharya, 2003, p. 43), as ações dos Deuses são naturalmente justas, mas as ações dos homens requerem um esforço consciente, logo, todos os detalhes dessas ações devem ser rigorosamente prescritos. Esse tipo de cuidado com o detalhe torna-se ainda mais importante quando os homens tentam representar em cena os deuses e os heróis. O comportamento apropriado para esse tipo de representação é o nāṭyadharmī, onde todas as ações são codificadas e possuem um simbolismo preciso. No Nāṭyaśāstra, são detalhadamente descritos, como em uma coreografia de dança, os movimentos das diversas partes do corpo (Rangacharya, 2003, p. 83-90), caminhadas (Rangacharya, 2003, p. 101-11) e posturas corporais. Um exemplo dessas posturas corporais são os 108 karaṇas (Rangacharya, 2003, p. 23-31), que descrevem poses retratadas em estátuas e decorações de vários templos na Índia, como o de Konarak, em Odisha, e o de Citambaram, no Tamil Nadu. Essa descrição de coreografias de ações revela um traço particular da cultura teatral indiana, que não estabelece uma diferença nítida entre os conceitos de ator e dançarino. As palavras naṭa e naṭaka, normalmente traduzidas como ator e drama, respectivamente, derivam, ambas, da raiz sânscrita nrit, cujo significado é dança. O nāṭya designa uma realidade espetacular que se aproxima muito mais de um "teatro dançado" do que de um "teatro falado" e, portanto, a tradução de nāṭya deveria ser, não apenas "arte do teatro", mas "arte do teatro-que-dança" (Savarese, 1992, p. 173).

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