KALI: A DEUSA PODEROSA

A deusa Kali que é representada com a língua de fora, vencendo os demônios com armas,sangue. Sua representação simbólica é vasta porque ela é negra,nua, exibe um colar de caveiras e uma saia de braços, carrega nos braços segurando com as mãos cabeças decepadas,espada, laço, enfim armas, por outro lado é a grande mãe, aquela que não permite a violência contra a mulher, que nos mostra a importância de termos garras sem perder a ternura. As manifestações de Kali são numerosas. No entanto, sua aparência externa, tanto nos textos quando na arte, assim como sua natureza básica e personalidade geral, não variam muito. Na sua forma usual de cor negra, Kali é uma divindade terrível que inspira temor, que assusta a todos por sua aparência. Ela está sempre nua, embora algumas partes de seu corpo sejam cobertas por seus ornamentos. Uma figura macilenta, com longo cabelo desgrenhado e uma face repulsiva, Kali já foi concebida com qualquer número de braços, de dois até dezoito, e algumas vezes até mais de vinte, embora sua forma mais usual tenha quatro braços. Eles são interpretados como simbolizando sua capacidade de agir e dirigir as quatro direções do espaço, ou seja, todo o cosmos. Ela tem longas presas afiadas, e longas e feias unhas, um terceiro olho na testa que emite fogo, uma língua esticada e uma boca suja de sangue que, quando se expande, não apenas engole multidões de demônios, mas que abrange desde as profundezas do oceano com sua parte inferior até o fim dos céus, com a superior. Quando precisa lamber o sangue que cai do corpo de um demônio que foge, ela estica sua língua tanto quanto seja necessário e a gira mais depressa do que o vento, para qualquer direção em que o sangue caia. Na sua iconografia mais usual, Kali carrega em uma de suas quatro mãos uma espada desnuda – seu instrumento para vencer os inimigos e comandar os males; em outra, a cabeça cortada de um demônio, e as outras duas mostram gestos que indicam ausência de medo e benevolência (abhaya e varada). Algumas vezes, a cabeça decepada é substituída por uma cuia feita de crânio, cheia de sangue. Abhaya é a essência de todo o ser de Kali. Abhaya é uma das suas disposições mentais permanentes, é sua garantia contra todos os temores que, incorporados nela, se tornam inoperantes ou que apenas agem sob o seu comando. Indicando seu poder ilimitado de destruição, o aspecto assustador de Kali é seu poder para dispersar o mal e o perverso, e com isso se assegura novamente a ausência de medo. Abhaya é a essência de todo o ser de Kali. Abhaya é uma das suas disposições mentais permanentes, é sua garantia contra todos os temores que, incorporados nela, se tornam inoperantes ou que apenas agem sob o seu comando. Indicando seu poder ilimitado de destruição, o aspecto assustador de Kali é seu poder para dispersar o mal e o perverso, e com isso se assegura novamente a ausência de medo. O lugar usual de Kali é um campo de batalha, onde estão espalhados por toda parte lagos de sangue, corpos sem cabeça, cabeças decepadas, braços e outras partes cortadas. Quando não está no campo de batalha, Kali vagueia pelos campos de cremação, onde reina o silêncio da morte, exceto quando ele é quebrado pelos ventos que assobiam, pelos resmungos dos chacais e pelo som das asas dos abutres que rasgam os cadáveres. A escuridão abissal desses lugares, ocasionalmente iluminada pelas chamas das piras funerárias, é o que mais convém a Kali. No campo de batalha e em outras situações, ela caminha descalça. Exceto raramente, quando toma emprestado ou pela força o leão de Durga ou o búfalo Nandi de Shiva, Kali não usa um veículo, um animal ou qualquer outra coisa, seja para se deslocar ou para ajudá-la na sua batalha. Ela dança para destruir, e sob seus pés que dançam há o cadáver da destruição. De pé ou sentada, ela tem debaixo de si um cadáver esticado com o pênis ereto – não a flor de lótus, que é o assento favorito da maioria das divindades. Ela se coloca sobre a não-existência – o cadáver do universo destruído, mas que apesar disso contém a semente de um novo nascimento. Enquanto o cadáver ela representa a não-existência ou o universo destruído, a figura de Kali unida a Shiva ou ao seu cadáver (Shava) simboliza o contínuo processo de criação. O universo manifesto é aquilo que é envolto pelo tempo, mas quando Kali, o Poder do Tempo, destruiu o universo manifesto, esse véu se ergue e o Tempo, assim como Kali, o Poder do Tempo, se torna des-nudo, um fenômeno indicado pela nudez de Kali. Por sua natureza, Kali está sempre faminta e nunca é saciada. Ela ri tão alto que todos os três mundos estremecem de terror. Ela dança loucamente, não apenas pisando sobre cadáveres, mas também sobre o cosmos vivo, reduzindo-o à não-existência. Ela espreme, quebra, pisa e queima seus inimigos ou os de seus devotos. Kali não apenas é uma divindade de natureza independente, mas é também indomável, ou melhor, ela domina tudo. Ela é poderosa como Shiva, foge às convenções e fica mais à vontade quando reside à margem da sociedade. Seu estilo de vida não tem aspectos de nobreza ou do modo de vida da elite. Ela é consorte ou companheira de Shiva, mas não tem o jeito meigo e humilde de Parvati. Sendo ela própria selvagem e destruidora, ela incita Shiva a um comportamento selvagem, perigoso e destrutivo, ameaçando a estabilidade do cosmos. Eternamente uma guerreira, Kali não perde uma oportunidade para lutar. Ela é um dos guerreiros de Shiva em sua batalha contra Tripura. Kali nos ensina que todas nós entramos no nosso reino das sombras e cortando cabeças e infinitos nãos que ouvimos da vida, eu vi nosso coração doendo despedaçado até as nossas ancestrais, mas também vejo dores convertidas em lágrimas e agradecimentos por sermos quem somos. Somamos poesia, cantos e celebração em forma de emoção e a sintonia com a alma que precisa se construir, honrar o masculino e a descoberta de que o precisamos nesta vida, além de conhecer nossa força e delicadeza é encontrar nossa terra, nossa raiz e olhar para a nossa intuição,acreditar na potência do invisível, do sutil.Foi com grande alegria que me despedi destas mulheres guerreiras do coração, levando um pedaço da alma de cada uma dentro de mim, todas elas agora dançam comigo, porque cada tecido que bordo dentro de mim, vivi uma perda, uma dor, uma alegria, um abuso, um parto, uma vitória, enfim uma dança de essências que se misturam e me transformam numa mulher. Como disse Simone de Beuvoir( 1908-1986) " Não se nasci mulher, torna-se"

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