ANGEL VIANNA

Assisti ao excelente documentário da Bailarina Angel Vianna. Tocante, profundo e o olhar de quem vive a dança nos poros, na pele e nos ossos. Todo narrado na primeira pessoa, ela vai se auto-narrando e desvelando a si mesma. Depois a narrativa tem um corte para que a história também seja narrada pelo corpo,um grupo de bailarinos dançam a sua história.E assim fui percebendo a força daquela mulher e sua total integridade onde arte e vida era e é uma fusão.Muito marcante o seu encontro na vida e na dança com o Bailarino Klaus Vianna e como eles inovaram a relação com o corpo, a consciência e expressão corporal,a preparação corporal de atores. Ela fala da separação deles.Eles tiveram um filho, também bailarino e ela conta a história dele e como a história dos três acaba sendo costurada com a dança.Mas ela revela o impacto na vida dela quando morre Klaus Vianna e depois ela revela que perdeu seu filho também. Como seguir em frente dançando? Quando ela consegue voltar para a dança ela sofre um acidente, uma queda se me recordo, o fato é que ela interpretou a dor física como uma benção de Deus, afinal duas dores uma no corpo foi uma forma de se reconstruir, só uma artista com esta profundidade para aprender com uma dor no corpo o seu percurso para voltar apesar de estar quebrada por dentro. No momento em que ela termina de nos contar sobre a morte do seu filho,acontece o silêncio, ela não precisou dizer mais nada, que palavra pode ser exata para nutrir este espaço vazio deixado pelos dois? Foi o silêncio mais expressivo que já vi, o silêncio que comunicou o incomunicável. Mas Angel Vianna é uma alma generosa e dança o inefável silêncio que se faz gesto, que se faz dança, que se faz cura. Uma nobreza de dançar com os dedos mínimos das mãos o que é grande no coração. A dança permite penetrar entrar em espaços onde a palavra não chega, onde o pensamento ainda não respira e é no corpo que a vida traduz a dança o movimento que sentimos a pulsação e o ritmo do mistério da vida. Por uma questão de direitos autorais e de imagem, não divulgo fotos, nem textos sem citar a fonte e a autorização dos autores, mas abro uma excessão para este pequeno texto aprofundando um pouco mais sobre a tragetória de Angel Vianna e Klaus Vianna, que poderá ser excluído se necessário. "O projeto pedagógico desenvolvido por Angel Vianna (1928) teve início com seu companheiro Klauss Vianna (1928-1992), nos anos cinqüenta em Belo Horizonte, onde o casal estabeleceu seu primeiro centro de dança – A Escola Ballet Klauss Vianna. Nesta escola, o ensino da dança foi complementado com disciplinas como música, ioga e anatomia. A partir desse projeto, o casal Vianna foi convidado para trabalhar na Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia – primeiro curso superior de dança criado no Brasil, em 1956. A estadia de dois anos em Salvador enriqueceu o conhecimento em disciplinas como música e anatomia, além de proporcionar contato com a capoeira, o ritual do candomblé e o Sistema Laban. Quando voltam da Bahia, o casal se instala no Rio de Janeiro, retomando seu próprio projeto pedagógico. E em 1965, atuavam na área da dança, inicialmente com balé clássico, mas foi no teatro que o casal compreendeu a originalidade de seu trabalho. Em montagem de coreografias em peças e lecionando para atores, perceberam que era necessário enfocar os fundamentos do movimento, através de um método de sensibilização corporal, ao invés de coreografar com base em técnicas codificadas como o balé clássico, uma vez que a maior parte dos atores não tinham formação em dança. Para tanto, foram explorados elementos de seus estudos como também a percepção óssea, a propriocepção, a improvisação e o ritmo, e assim decidiram reabrir sua própria escola. Em 1983, por Angel Vianna, seu filho Rainer Vianna (1958-1995) e sua esposa Neide Neves, fundaram um espaço visando um maior aprofundamento no ensino da dança, sob o nome de Centro de Estudos do Movimento e Artes – Espaço Novo. E em 2001, mudaram para Escola e Faculdade Angel Vianna. A Escola funciona há vinte e cinco anos, sem qualquer subvenção, ainda que tenha um papel fundamental na formação e no desenvolvimento da dança contemporânea no Brasil, o que resultou na sua mudança de estatuto para instituição sem fins lucrativos. A escola está fincada sob quatro eixos: os cursos livres de dança e movimento corporal, os cursos de formação técnica, os cursos de nível superior (3º grau) e a pós-graduação Lato Sensu. A Escola Angel Vianna através destes cursos “se propaga para além de suas salas de aula e palcos da cidade. Ele está nos hospitais, centros terapêuticos, em clinicas psiquiátricas, em consultórios médicos e sobre tudo, nos corpo e cabeças daqueles que passaram por seu centro de estudos” (in Ana Vitória Freire. Angel Vianna: Uma Biografia da Dança Contemporânea. Dissertação de Mestrado Universidade Gama Filho, 2004).

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