SOBRE COMO SER INTENSA

Hoje assisti ao documentário sobre a Janis Joplin. Emocionante, toca fundo na alma. Janis era intensa, verdadeira e realmente tinha a sua expressão totalmente revelada através de sua voz. Ela era toda música e sentimento. Sua busca por ser amada a levou a buscar tudo com toda a força que tinha. Emocionante. A arte quando é verdadeira é atemporal, permanece impressionando e encantando. Os depoimentos emocionados de amigos e pessoas que trabalharam com ela há mais de 40 anos, encantados com a força daquela mulher que morreu cantando e sendo inteira e em busca de si mesma e de ser amada. Que privilégio passar a minha tarde vendo uma artista tão profunda, ganhei o meu dia.Acredito que quem consegue ser inteiro assim, integrou pelo menos num instante o privilégio de integrar corpo, mente espírito.Geralmente estamos em direções opostas,fragmentados, o corpo quer uma coisa, a mente outra e o espírito está em outro lugar, é muito raro quando alcançamos este estado de consciência elevada o tempo todo, acho que só os iluminados. Nossa cultura de massa movida a consumo e tecnologia que nos deixa a cada dia mais distantes de nós mesmos.Estar presente é um desafio. A meditação é um portal. O desafio é saber filtrar o excesso de informação, muita opinião, e pouca conexão e essência. Eu acredito na união dos intensos e sedentos por mais alma. Muitas vezes somos incompreendidos,no meu caso já me acostumei a ficar sozinha quando estou com minha essência sem a chance de ser, e é melhor ficar comigo mesma, se estou num ritmo diferente da superficialidade e acelerada mudança. Mergulhar no meu universo e encontrar respostas na minha arte é o único lugar que encontro minha intensidade, que posso ser inteira sem me quebrar por dentro, mas como disse Janis Joplin, o espetáculo acaba e depois de você ter se dado até a última gota, a luz apaga. Ela dizia que fazia amor com a platéia mas voltava para casa sozinha.Não precisava ser assim, mas eu intendo perfeitamente, longe de mim me comparar a ela, mas me identifico com o fato de fazer uma arte que é solo, e poucas pessoas têm acesso aos seus códigos e símbolos, aqui em Brasília, praticamente não tem outra bailarina para trocar, ou grupos de dança clássica Indiana.Recentemente dancei num festival folk, eu era a única na minha arte, é uma solidão que me faz olhar e criar forças dentro de mim mesma, para vencer o medo e a angústia. Felizmente experimento este estado de não pertencimento desde sempre, então tem um lado meu que tem momentos profundos com outra essência como a minha, mas são pessoas raras, artistas raros, uma preciosidade quando encontro.

Comentários