O CORPO SONORO DO ABSOLUTO

Os poemas Místicos de Jalal al-Din Husain, o grande poeta Rumi, (1207-1273),são muito profundos. O Poeta e mestre espiritual persa do século XIII. Ele foi Considerado o criador do Sufismo,o misticismo do Islamismo. Depois de sua morte, seus filhos e seguidores,fundaram a ordem Mvleve. Conhecidos por dervixes, os dançarinos de Deus,que dançam girando, numa prece transcendental e coletiva.Esta dança, chama-se sema,muito bela e os movimentos giratórios,aparentemente incessantes, revelam uma sequência coreográfica que podem comunicar além das palavras. Um aspecto sublime da devoção à Deus. Segundo a bíblia primeiro Deus criou o verbo, nos textos sagrados hundus também o primeiro som de Deus foi o om, o som do tambor de Shiva. O Om ou Aum é o mantra mais importante do hinduísmo e outras religiões. Diz-se que ele contém o conhecimento dos Vedas e é considerado o corpo sonoro do Absoluto, Shabda Brahman. O Om é o som do universo e a semente que "fecunda" os outros mantras. Voltando a falar de Rumi,parece que na sua poesia,as palavras dançam. Li em algum lugar, que ele girava enquanto declamava os textos, que eram anotados.Um verdadeiro diálogo da dança com as palavras.Poesia dançada, alma em relevo, rascunho das palavras de deus. Fiquei pensando no diálogo analítico poético com um amigo que pensa muito nas coisas como eu. Encontrar com ele é lançar palavras incessantes e cheias de busca e de significado e novas palavras que de tanto se pensar junto acabamos criando novos verbetes e sentados no sofá investigamos se de fato criamos uma palavra nova como os Deuses. Investigamos a essência de uma segunda natureza que acredita no mistério sem ficar na armadilha da prisão da palavra que engaveta e amortiza o gesto e o pensamento livre. Esta questão da palavra que é um símbolo é como uma frase melódica,um riff de guitarra, ou gestos que traçam um percurso metafísico com o corpo. A origem das Hastas ou gestos das mãos da Dança clássica Indiana tem a sua origem relacionada à recitação de mantras. O meu processo de investigação da dança clássica Indiana, me fez mergulhar em meus fragmentos, é que essa dança te faz perceber o significado de cada parte que é palavra no corpo e no final você se sente integrado. A profundidade da complexidade do estudo e treinamento desta técnica me deu de presente um novo estado de presença e a consciência das minha mãos. Hasta ( mãos) e mudra ( selo) indicam, em sânscrito, os gestos das mãos cujo o uso remonta às representações sagradas desde os tempos dos Vedas( cerca de 1.500 a.C) Esses gestos eram usados pelos sacerdotes enquanto repetiam os mantras, as palavras mágicas religiosas. A introdução dos mudras na dança, a partir do período Clássico da arte Indiana, é descrita e codificada em inúmeros tratados e muitos deles ainda manuscritos sobre os quais se fundam os vários estilos de Dança Clássica Indiana, começando pelo Bharatanatyam, estilo que treino e pesquiso. A fala das mãos é puro som, e principalmente nossos dedos, assim como nossos olhos, mudam continuamente de tensão e de posição, não só quando falamos, quando agimos ou reagimos para pegar, empurrar, apoiar, acariciar, tocar, ampliam nossos Estados de consciência por que as mãos estão diretamente ligadas ao cérebro. Quando temos consciência deste poder aumentamos nossa potência e a capacidade de meditar, curar dores e entrar em profunda consigo mesmo e com o todo. Na cosmovisão hinduista o "Todo" se desintegra em "muitos", por sua vez voltam-se para a unificação com o todo e o som da recitação da palavra mantra pode libertar a mente da prisão do corpo, por que quanto tudo está integrado o corpo vibra e produz ondas sonoras que criam diálogos com Deus.

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