KALA

Percebi realizando um exercício com uma amiga a sincronicidade muito especial. Era para dançar com as nossas mãos um jazz dos anos 30 e o ritmo era acelerado. Uma sorte tão profundamente enviada pelo universo, ela estava em sintonia comigo. Muito interessante,uma sala com corpos dançando freneticamente e nós duas no ritmo da alma. Outra dimensão, uma conversa diferente dos nossos corpos. Eu nunca tinha experimentado esta possibilidade com alguém. Sempre vivi esta dimensão do ritmo sozinha, por que depois de anos de treinamento meu estado e percepção estão alterados. O desafio de aprender os adavus na três velocidades é regido por muita disciplina. Cada adavu, é treinado em três velocidades e o domínio de cada velocidade é fundamental para se dominar cada unidade de tempo que gradativamente fica mais complexa e com novas combinações. O corpo fica treinado e o domínio do tempo no corpo transmite atemporalidade. O ritmo na Dança Clássica Indiana faz parte de uma intricada composição. os Adavus são classificados em dez importantes grupos, e depois, subdivididos em vários padrões. A palavra “Adavu” é derivada da palavra dravindiana “Adu”, que significa dança, passos. Shisthu (Disciplina) e Metodologia são extremamente importantes para aprender Bharatanatyam. Os Adavus devem ser praticados em três Kalas (tempo) e em cinco Jathis (batidas). 1ª Kala: Vilimba- velocidade devagar. Uma contagem para cada batida. 2ª Kala: Madhyama- velocidade média. Duas contagens para cada batida. 3ª Kala: Dhruta- velocidade rápida. Quatro contagens para cada batida. Cada passo de um Adavu determinado é regido pelo Professor ditando o Sollukattu (Sílaba Rítmica) específico. O domínio desta qualidade refinada de perceber o ritmo no corpo aliada ao domínio da técnica, transfere uma estranha sabedoria. O ritmo pode te surpreender de forma abrupta num único movimento e pode ter várias nuances, vários tons. Como o tempo na vida que nunca será engarrafado.

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