CORPOS ESCRITOS

"Onde encontrei vida, encontrei verdade e potência." Esta frase do Nietzsche filósofo Alemão (1844-1900), me acompanha. Os filósofos pré-Socráticos entendiam a vida como transformação constante, o devir. Nosso modelo de pensamento nasceu com Platão e Sócrates.O pensamento torna-se superior ao corpo,suprimindo a pluralidade.E como consequência a negação do corpo. Felizmente estamos retomando o fio do tecido da vida, na contemporaneidade. Diversidade e identidade são possibilidades fundamentais para se achar o nosso lugar no mundo e o corpo como o centro do mundo." O universo numa casca de noz", a estética do sabor, do fruir. O corpo fonte de prazer, dores, cheiros, enfim, sensações. Na dança Indiana tem o conceito de rasa, que significa suco,essência, seiva. A dançarina é uma gourmet,que prepara com o seu corpo uma iguaria, seus sentimentos são os temperos.E quando ela apresenta a sua dança iguaria,o banquete é ofertado ao público,se transforma numa oferenda. E quando o público sente o sabor da dança,entra em deleite estético . Não existindo mais a separação entre a dançarina e o público,se estabelece o rito. Todos podem desfrutar da dança, fazendo parte da cerimônia, diante do altar da dança. Sou emoção em cena, quero sempre estar vestida de mim mesma. Quero que minha dança transforme o banal em sublime, porque sou uma pesquisadora do cotidiano. Se danço o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.Existe um instante sublime no meu corpo,esse instante é o movimento. Instante de ler as mensagens do meu corpo, entender que o corpo tem memória para construir a mim mesma. A verdade do corpo, nasce com a experiência. É o homem que segundo Nietzsche, se supera e se reinventa no presente.

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