IMPERMANÊNCIA

Estava caminhando de volta para casa e tive uma epifania, me percebi leve, cantando, fim de tarde de um sábado ensolarado.Foi instantânea a lembrança de ter feito este mesmo percurso há um ano, chorando e totalmente sem direção e chão. O mesmo percurso mas não sou mais a mesma. Vivi na pele. O filósofo Grego Heráclito escreveu sobre a impermanência de tudo, quando afirmou que é impossível atravessar o mesmo rio duas vezes, por que na segunda vez não somos mais os mesmos, nem as águas. A única coisa real é a impermanência. Nada de novo para o Budismo e a sabedoria milenar hindu, mas quando um pensamento penetra nos teus ossos com o tempo se dissolve no corpo e se transforma em experiência. A vida me fez engolir goela abaixo a certeza da mutação e do eterno devir e da dança cósmica do universo que é Deus. A dança me faz experimentar fluir e viver na potência do momento quando danço, mas no cotidiano a tendência é esquecer que somos efêmeros. Provavelmente o mais complexo é separar o que é eterno do que é fulgaz, se "Tudo muda o tempo todo". Um amigo meu na minha presença me disse que eu serei a sua melhor lembrança,isso quer dizer que mesmo no presente já sou eterna nas memórias dele, que para mim é o único lugar para ser eterno na vida de alguém. Eu só espero que mesmo ele sendo um ser mutante não me transforme numa lembrança ruim. Que seja eterno pelo menos os encontros de alma que encontramos pelo caminho.

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