ARTE SEM FRONTEIRAS

Globalização dirimiu as fronteiras do dinheiro, mas aprofundou a distância entre ricos e pobres. Na contemporaneidade é impossível pensar o mundo sem olhar a diversidade e identidade. No século XVI os barcos e as grandes navegações carregavam o preço do desconhecido, novas terras para serem desbravadas, e enfim exploradas saqueadas.Havia a escravidão, a exploração. Atualmente com toda a tecnologia existente, as embarcações hoje estão carregadas de gente, imigrantes fugindo da guerra, de governos insanos e economias devastadas. O fato é que estamos no mesmo barco. A Europa nunca vai dormir tranquila, o preço da indiferença já está sendo cobrado.Um mundo sem fronteiras deveria ser uma realidade. Enquanto a Hungria cria cercas e criminaliza a imigração, a Finlândia pensa em aumentar os impostos dos ricos para acolher refugiados. A primeira vez que entrei em contato com essa realidade foi através da exposição Êxodos do fotógrafo Sebastião Salgado, vi muito sofrimento e olhares perdidos. Recentemente, fiquei chocada, com a foto de uma criança Síria, morta na praia, com a polícia maltratando os refugiados, crianças, inocentes, velhos, famílias que só pedem para sobreviver e criar seus filhos com dignidade. lembro também daquela menina refugiada do Afeganistão, de olhar fulminante, verdes, foto célebre do fotógrafo Steve Mccurri, que precisou costurar os rolos na sua roupa disfarçado de habitante local para fazer as fotos. Trinta anos depois ele a fotografou novamente, mesmo com o impacto da fotografia, ela continuou anônima. Eu poderia citar inúmeros artistas de diferentes épocas, para ilustrar o quanto a arte tem esse papel de refletir o que de belo e perverso há no ser humano. Acredito que a arte se reinventou bastante quando rompeu fronteiras e estabeleceu o diálogo da tradição com a inovação. As vanguardas do inicio do século XIX, Por exemplo, Antonin Artaud( 1848-1948 diretor, dramaturgo, ator Frânces que ao entrar em contato com a dança Balinesa, inovou no teatro,Gerzy Grotowiski( 1933-1999) e o teatro pobre, incorporando mantras e o conceito do ator santo, influência do teatro oriental, a coreógrafa e dançarina Pina Bausch ( 1940- 2009) criadora da "dança-teatro contemporânea, propondo a integração destas linguagens, o termo já era usado em 1910, por membros da dança expressionista distanciando a linguagem do balé Clássico,ela herdou influências de Rudolf Van Laban ( 1879-1958), que fez pesquisas quando viajou para a ásia,posterior a ele estão Mary Wigmam( 1886-1973) e Kurt Jooss(1901-1979), em essência é buscar o elemento humano,uma arte que aprofunde a relação com o público, se somos todos " analfabetos emocionais", cruzar fronteiras e importar símbolos, signos e técnicas de uma cultura estranha à nossa, pode ser o caminho trilhado pela arte para romper as fronteiras que nos afastam. A arte pode integrar e reinventar o humano.Quem sabe a economia mundial, um dia, não vai olhar o ser humano em sua grandiosidade em detrimento dos lucros? Foto -Steve Mccurri

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