EMOÇÃO

Eu li um romance sobre a explosão de amor entre duas pessoas maduras, um homem e uma mulher. Ele do campo, ela da cidade ela do sol e ele da lua. Duas almas que buscaram com toda a força o néctar do tempo, da vida e da essência. Uma combustão química e física. Uma profunda investigação de que o desejo da alma coubesse no desejo do tempo. O  etéreo e nebuloso, por que nunca tiveram o privilégio da presença física, tudo o que tinham vinha da expressão da voz  e das ideias. Talvez no tempo das caravelas teriam escrito cartas de amor e esse romance ficaria gravado para a posteridade. Num certo momento, o véu do deslumbramento caiu e uma sombra se ergue entre os dois, inaugurando a impossibilidade do romance seguir e pela primeira vez, em minha vida via um luto simultâneo. Dois amantes se despedindo um do outro, chamando a morte da paixão, para nascer o amor que ama, sem posse e cobrança ou julgamento. Isso é muito raro, perceber que uma história de amor pode ser verdadeira, transcendental  Importante é que uma longa jornada recomeça, por que o sagrado de cada um chegou num espaço secreto no corpo de  cada um. Precisamos de polimento e sede de beleza da alma para matar sentimentos em nós e transformá- los em alimento para sermos também uma divindade e sentar na mesa com Deus. Essa completude que fere,instiga, liberta em momentos hinduisticos e nirvanicos, um amor meditativo que se preenchia áte no silêncio, porque ele era de reticências ela do inefável.

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