O INVISÍVEL

O que faço é uma troca silenciosa, uma troca justa e honesta. No final de uma apresentação vejo aqueles olhos silenciosos e agradecidos do público e eu realmente sinto que recebi muito mais. Recentemente dancei para o público da chamada terceira idade.No final da apresentação uma senhora me fez uma pergunta sobre como eu consegui ser tão leve em cena e me disse que eu tinha salvado o seu dia, que estava muito difícil. Ela me filmou e ficou me pedindo para postar o vídeo que fez da minha apresentação no you tube e diante de minha negativa ficou perplexa porque eu não queria, como se fosse impossível alguém se expor tanto e ao mesmo tempo ser muito reservada. Eu sou realmente estranha. Esta senhora é costureira, eu a convidei para ser minha aluna gratuitamente e ela aceitou prontamente e já se imagina nos palcos, eu vi tanta sinceridade e felicidade nela! E para mim foi tão pouco, e ela ainda me deu outro presente, ela escreve poesias lindas, tem a poesia dentro de si mesma, costura como ofício na vida e se costura pelas palavras. Por isso é importante ter um caminho interno, para não se deixar afundar, porque o medo de se expor e parecer vulnerável e da sensação de fracasso é muito maior do que exercitar a nossa presença diante de outra presença, nossa capacidade de sentir amor e compaixão e de realmente ficarmos com a alma nua diante da beleza de outro ser humano. Acho que é isso que busco com minha dança, entrar em conexão profunda com qualquer desconhecido, através da suavidade dos meus olhos e mãos, esta eterna busca pelo humano,ser mais humilde, como na raiz da palavra humanidade humus, terra.Dar e receber nos deixa próximos da terra e de nós mesmos.

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