POESIA CORPÓREA

Fui convidada para um aniversário. Crianças brincando, muitos risos e amorosidade. Comida, bebida e muita alegria. No momento que me foi sugerido dançar para a aniversariante, não hesitei. Tirei a sandália dos pés e, sem maquiagem, música ou preparação, dancei na sala para todos. Silêncio total. A sala, que transbordava ruídos de felicidade, parou em silêncio para me ver. Absurdamente, sem aviso prévio, todos mergulharam naquele instante. Só havia a presença da verdade. A única coisa que poderia oferecer, diante da beleza e amorosidade que recebi, ofereci: minha dança! A vida acontecendo diante dos meus olhos. Arte e vida na poesia do cotidiano. No final da apresentação uma senhora muito gentil me abraçou e disse que a minha apresentação a tocou profundamente. E me confidenciou: "foi tão lindo que fiquei feliz e chorei! Espantada com ela mesma e por ter percebido se sentir fazendo parte da beleza daquele instante. A vida deveria ser sempre assim. Poesia no pão nosso de cada dia, no cotidiano, na sala de jantar, separar os móveis e dançar com quem estiver junto. Sentir prazer na comida com tempero de sentimentos de nobreza e encantamento por nutrir o outro. O perfume da flor exalando do jarro na mesa da cozinha.Um raio de sol entrando pela janela anunciando mais um dia.

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