SUPRA-SENSORIAL

Sim, é possível viver o milagre da vida "aqui e agora", sem gurus, fumacinhas ou trombetas tocando, anunciando algo surgindo por uma abertura apoteótica no céu. Portanto, a experiência do contato com o sagrado está ao alcance de todos. Sem distinções ou privilégios. Naquela pequena sala, nosso grupo, homens e mulheres, dançamos formando uma constelação. Dançamos o caos, as estrelas, formamos mandalas no chão com os nossos corpos unindo corações, braços e pernas e, pouco a pouco, o inefável aconteceu. Numa experiência atemporal, a verdadeira transcendência. O significado profundo de estar com outra pessoa num movimento de abertura para ver e sentir profundamente quem eu sou e compartilhar com o outro. Dançamos a nossa essência e a possibilidade de transformar esse mundo tão perverso em paraíso. Precisamos escutar a vida, abrir o coração para os detalhes, observar os" recados" da natureza, a verdadeira dança da vida. Afirmo que as melhores experiências da vida são vivenciadas no corpo quando estamos distantes do corpo. Quando perdemos a capacidade de sentir e sonhar e o resultado é o vazio, buraco negro para onde somos tragados em nossa sombra. A necessidade do sublime está contida no cotidiano. O sagrado pode estar na simplicidade. Numa xícara de chá que tomamos ou na leveza de deixar o corpo fluir através do movimento. Ou, ainda, ao contemplarmos uma obra de arte. Toda experiência pode – e deveria – ser sagrada.

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