MEMÓRIA DO INFINITO

Desenhar com o meu corpo dançante, formas, espaços e proporções . A questão é como resolver o dilema de sair do limite e ir para um lugar seguro sendo não linear e em constante mutação. Dançar todos os dias, nem que seja em pensamento, a riqueza de me sentir viva e agradecendo a Deus. Estou em plena mutação. O projeto Baraka é uma imersão no universo simbólico do corpo e da expressão do sagrado, baseada em técnicas do estilo de dança Clássica Indiana Bharatanatyam. O resultado desta pesquisa foi a montagem do espetáculo BARAKA, com programa contendo técnicas pesquisadas. O meu novo projeto é a continuidade do meu processo de pesquisa .Estou ampliando o intercâmbio de técnicas com a bailarina de Dança clássica Indiana Juliana Bonaldo que atualmente reside no Canadá e Índia. E o diálogo com a escultura e a arquitetura me ajudam compreender e aprofundar meu processo de montagem de espetáculo com ela. No estilo Bharatanatyam o meu treinamento corporal exige usar a gravidade a meu favor. Não sei se todos os bailarinos de dança Clássica indiana pensam assim, mas foi a maneira que encontrei para dar sentido à elaborada técnica que me exige compreender um corpo equilibrado no desequilíbrio, uma forma tridimensional, sem espaço para improvisação, e o movimento linear. Dança que predomina o elemento terra, e a grande beleza nos detalhes. O treinamento utiliza todas as partes do corpo fragmentado para dançar o corpo por inteiro. Pretendo dominar a técnica da dança clássica Indiana, para ter uma base técnica para criar a minha técnica pessoal. Ter o acesso ao meu processo de pesquisa e a criação dos meus espetáculos. Nesta nova proposta ainda estou pesquisando o movimento leve, o elemento ar como base.Acrescentar delicadeza na força, linhas expressivas, plasticidade nos movimentos, estudo a trajetoria dos meus movimentos, livres, ousados, sem couraça, de dentro pra fora.Enfim me danço no espaço. o intercâmbio com o bailarina e as outras linguagens, vai reconstruir o meu norte, criar novas regras e levar o meu corpo para outras paisagens, novas intervenções, novos paradigmas.Sou feita de interrogações. preciso entender a minha insatisfação e a necessidade de continuar buscando a minha verdade em cena. Hoje minhas mestras são as árvores. Ando pela cidade, observando árvores, e criando coreografias a partir delas.Observo também a minha sensação e a relação com os espaços,curvas, retas e as espirais contidas nos edifícios,e quando sinto e observo leveza e menos rigidez neles, parece que dançam sobre o asfalto.Observo o balé das nuvens do céu de Brasília e as formas. Estou experimentando novamente a sensação de não saber o caminho, de voltar a me transformar em vários estados da matéria. Posso ser sólida, líquida e gasosa. No momento me sinto vaporizada diante da seca de Brasília. Quero que me leiam pela emoção, sem legenda. Escolhi o corpo como matéria prima de crescimento. Posso transformar peso em leveza, desafiar a gravidade e o tempo.

Comentários