CORPO FEMININO-IMAGEM-AÇÃO

Invenção do cinema é atribuída aos irmãos Lumiere (1862) e (1864) e Thomas Edson(1847). De certa forma a impressão que eu tinha era que o cinema era uma Arte construída por homens. No entanto, a história não foi justa com o papel da mulher no cinema, se os homens inventaram as máquinas principais e transformaram o cinema num negócio lucrativo, isso se deve também às mulheres pioneiras que pensaram vislumbraram o potencial da narrativa, através do poder da imagem em movimento. Posso afirmar que a alma do cinema foi inventada pelas mulheres. Elas foram as primeiras roteiristas, criaram seus estúdios fizeram filmes. Alice Guy (1873-1968), só para citar uma delas foi a pioneira no cinema Francês, foi roteirista de filmes de ficção, cineasta e quem criou a sincronização do som, antes no cinema mudo não havia a preocupação do texto e o público lia os lábios e percebia que não havia sincronização entre a história narrada e a fala dos personagens, ela que percebeu esta disparidade e criou os roteiros, a colorização, os efeitos especiais e dirigiu mais de mil filmes, ela já usava elenco interracial e administrou seu próprio estúdio. As mulheres abordavam a condição feminina, os primeiros temas lésbicos e assuntos ligados a causa LGBT. O cinema também foi marcado pelas atuações feministas como as Vamps , sedutoras e as melindrosas ou aquelas mulheres que desafiavam as convenções que se vestiam de forma diferente, fumavam e viam o sexo como algo casual e as It-girls, que eram uma combinação de carisma, desinibição e auto- confiança. Não estou afirmando que os homens não tinham alma na criação da sétima arte, acho importante falar da importância da construção desta linguagem do cinema através do olhar de homens e mulheres que buscaram uma maneira de narrar histórias e inventar uma maneira de narrar o cotidiano e as narrativas pertencentes ao nossos arquétipos e sutilezas de nossas almas, com imagens em movimento, numa tentativa de nos explicar para nós mesmos. O cinema abre a possibilidade de unir nosso inconsciente na busca de histórias que possam ampliar nossa necessidade de se fazer sentido no mundo, é o espaço onde a experiência coletiva do olhar sobre alguma questão nos faz perceber a dimensão da condição humana. A arte é uma declaração de amor e esperança à condição humana. É quando sentimos que vale a pena viver neste planeta gestando e honrando o legado de toda a nossa ancestralidade marcada no barro, na pedra, nas cavernas e em cada espaço do nosso inconsciente simbólico, imagético e sagrado, por que é de lá que reinam nossas histórias aquecidas nas fogueiras que ecoam no coração do mundo.

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