RODANDO A SAIA

E no processo de buscar encantaria na minha vida, participei de uma oficina intitulada rodando a Saia.Eu adoro saia, uso bastante inclusive, e como sou uma pessoa de pensamento subjetivo e simbólico fui descobrir o sentido encantatório do universo da saia, através da nossa professora Natália.Cheguei atrasada e no exato momento de contar uma história pessoal onde a saia era o personagem principal.Olhei a saia cheia de saias no chão formando uma mandala e no centro mil encantamentos.Imediatamente coloquei uma saia, apesar de já estar usando uma, e tratei logo de me enfeitar com uma flor no cabelo. E o bastão estava na minha mão, para me entregar na hora sem medo, e foi assim que contei uma história e amarrei um sentimento profundo de gratidão por estar naquele espaço. Um exercício foi muito bonito de se ver e fazer, era para cada uma de nós, segurarmos uma saia pela ponta com um buraco no meio bem grandão, que nos permitia mergulhar no buraco como Alice fez no país das maravilhas. Cada uma ao entrar tinha que liberar uma experiência ruim, ou algo que gostaria de deixar para trás e mergulhar naquele centro cósmico e se deixar envolver pela sai caindo pelo corpo todo, até chegar aos pés, e do nosso canto nos embalando.Tinha neste jogo feminino uma brincadeira com nossas indecisões e podíamos trocar de saias e acessórios o tempo todo, eu coloquei um chapéu. Natália é atriz e propôs um trabalho corporal baseado na estética do teatro-dança e das partituras para criarmos nossa gestualidade tendo como foco nossas historias pessoais, era para criar uma dança através da escrita no papel, passando para a escrita no corpo e cada uma de nós apresentaríamos nossa essência através da narrativa do nosso corpo, junto com a nossa saia. Na hora de escolher a saia, a minha preparação foi evocada na preparação de minha performance.Eu vi a minha confusão nesta escolha, minhas perguntas, minha vontade de construir sentido a partir do que sentia e do que não entendia quando não me cabia ou me encaixava nas saias que buscava para me representar.Na hora de minha apresentação incorporei o processo de busca ao resultado da apresentação, e quando falei o texto escrito, no final era um roteiro de minha alma.E cada retalho, cada linha traçada na criação de uma saia,pode ser a trama da alma de uma mulher, eu percebi que meu traçado se costura na pergunta. Busco minha força na necessidade de buscar encantaria em tudo o que eu faço, uma curiosidade de entender o porquê do mundo, e por que sou assim, esta anatomia da minha pergunta me leva para outras perguntas que se explicam para outras questões que me ajudam a me construir a partir de mim mesma.-E desta forma complexa vou criando e co-criando meus processos internos, mesmo quando as respostas ficam presas em algum lugar esperando por mim.

Comentários