"SANGRANDO FEMININO"

No meio do amor havia a dança e com ela reuni dois mundos,o plano do amor e da morte. Eu acredito que só conhece a dor da perda, quem mergulhou nas águas profundas do amor e tomou banho,quem despiu a alma diante do amor. Fui convidada pela escritora Amandara para participar do espetáculo de lançamento do seu livro Sangrando Feminino. Mesmo com a alma triste, confirmei minha presença.Fiquei imaginando se conseguiria dançar e colocar minha dor no bolso. Lembro que meu amorzinho antes de partir para as esferas, sempre que me via dançando chorava. Mas sinto que nossa alma se cura diante da verdade que exala de nós mesmas.E foi com muita verdade que coloquei meu figurino e fui com minha alma nua dançar. Cheguei no teatro e senti uma energia amorosa, com todos os Artistas, técnicos, produção e amigos reunidos no palco para uma foto, igualzinho um álbum de família,amor puro. Fui conduzida pela Malu,percussionista da banda.Fui chegando e me aconchegando a todos para fotografar aquele momento mágico, parecia até que eu era a alma que faltava, mas com um detalhe, minha alma estava nua. Mas a vida é mistério e eu me senti foi muito aquecida com os sorrisos que recebi em forma de festa e que chegava de forma incandescente, era como se eu ouvisse: que bom que você veio! Ficava pensando na Amandara e no porquê dela me convidar para abrir o espetáculo... E se eu saísse correndo gritando que não daria conta? E se eu abrisse o berreiro diante da platéia? Mas era tanta feitura de um tecido fino e delicado que quando cheguei no camarim,já estava pronta e com muita vontade de dançar e até esqueci que estava triste.Amandara entrou no camarim e senti no seu olhar amor e confiança em mim, foi assim que entendi,ela confiava em mim e sabia que eu ia dar conta.É tudo o que uma pessoa precisa para voltar a florescer. A cortina abriu, a luz surgiu e diante de minha presença,a platéia estava lá. A música chegou e dancei. Minha técnica foi minha aliada, ela me permitiu acessar a emoção na dança, minha musculatura, senti emoção,mas ela não me impediu de compor beleza e gestualidade amorosa para cada movimento dançado. Sentir emoção é bom, mas é bom também usá-la em benefício de uma arte maior.Voltei a sonhar publicamente, recomeço meu meu infinito desejo de ser uma pessoa que se despe, que se permite mergulhar no choro e no riso. Foi um espetáculo muito amoroso que colocou o público no colo e o colocou para sonhar, embalamos o público através da escrita de Amandara. E foi assim que depois do nosso espetáculo fui tomar café numa padaria com minhas amigas e me vi rindo com elas e celebrando mais um espetáculo da vida.

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