ZEITGEIST

Afirmo que minha dança não é religião e ao mesmo tempo é um canal de expressão da minha espiritualidade, estabeleço a ponte entre tradição e inovação, arte e sacralidade. Jung (1875-1961), psiquiatra e psicoterapeuta suíço,afirmou que "a força do arquétipo reside na relação entre imagem e emoção" e que "a imagem sozinha equivale a uma descrição de pouca importância". Mas, "quando a imagem é carregada de emoção, esta ganha Numinosidade" (energia psíquica). A arte funciona como um caminho de encontro do humano e nos revela o "espírito do tempo" ou zeitgeist, que é um termo alemão cuja tradução significa espírito da época, espírito do tempo ou sinal dos tempos. O Zeitgeist significa, em suma, o conjunto do clima intelectual e cultural do mundo, numa certa época, ou as características genéricas de um determinado período de tempo. Estou me referindo a uma certa necessidade de busca um movimento de busca pelo outro real, no meu caso criando uma relação com os espaços urbanos, a relação da arquitetura simbólica com a atenção no corpo que habita este espaço.A relação da criação voltada principalmente para o espaço interno, onde os olhos e as mãos são construtores de afeto e de lirismo.Penso também no resgate do encontro,da troca de afeto, da solidariedade e da vontade de ser um canal da manisfestação do divino em cada um, e assim vamos criar uma sociedade baseada no amor. Abaixo um texto sobre zeitgeist extraído do blog Memorandum,para quem desejar aprofundar um pouco mais. Abaixo um texto sobre zeitgeist extraído do blog Memorandum O Zeitgeist "Podemos traduzir este termo alemão com a palavra "espírito"(ou índole) do tempo. Wolfgang Goethe – poeta e pensador alemão – definia Zeitgeist como um conjunto de opiniões que dominam um momento específico da história e que, sem que nós nos apercebamos – de modo inconsciente, determinam o pensamento de todos os que vivem num determinado contexto. Menos poeticamente, utilizando-nos de uma terminologia própria da antropologia, podemos falar em "cultura contemporânea" ou "cultura do nosso tempo". Tratam-se de conhecimentos, crenças, atitudes, de pessoas que vivem num tempo e num lugar específicos. Na língua alemã, o conceito de Zeitgeist é menos abstrato, mais ligado à realidade concreta e assume quase as feições de um agente protagonista da história. O Zeitgeist não apenas caracteriza e descreve, mas também determina e controla a conduta das sociedades humanas num tempo e num lugar específico. Trata-se de um conceito explicativo cujo valor para a história científica tem sido amplamente discutido. Foi o conceito preferido por Edwin G. Boring, o grande historiador da psicologia norte-americana. Segundo este modelo historiográfico, o Zeitgeist produz idéias (por exemplo, o conceito de gravitação na física mecânica), instituições (como editoras e periódicos), e movimentos científicos (como a Psicologia Experimental). O Zeitgeist é o fator responsável por todos os acontecimentos. Se o fundador da Psicofísica, G.T. Fechner não tivesse realmente existido como figura histórica, os tempos, o Zeitgeist, produziria um substituto dele, o qual desenvolveria o mesmo papel. Mesmo se Wilhem Wundt não tivesse existido, a Psicologia Experimental seria institucionalizada em outro lugar por outra pessoa. Poderíamos dizer que a idéia "pendia no aire": Os tempos estavam prontos para que a institucionalização da psicologia científica ocorresse. Os homens, inclusive os grandes homens, seriam agentes do Agente Máximo: o Zeitgeist. Não riam, por favor! Pois uma tal perspectiva, não é totalmente sem mérito. Está claro que todos, todos estamos mergulhados num ambiente lingüístico, sócio-econômico, cultural, político, específico. O Zeitgeist constitui-se numa metáfora eficaz para significar esta realidade. Simplifica e unifica o relato histórico. Infelizmente, porém, as metáforas são utilizadas no âmbito da poesia e não da ciência. O conceito de Zeitgeist sugere a existência de um demiurgo, de um demônio que manipula as cordas da história, gerando e aplicando forças. Na realidade, o Zeitgeist é uma construção hipotética, um modo elegante de interpretar a conduta dos indivíduos e dos grupos de indivíduos. No fundo, trata-se de um esquema interpretativo da história e como tal é útil na reconstrução e na compreensão dos eventos históricos. Não consegue porém explicar os eventos históricos, por exemplo não dá conta de explicar o estabelecimento do Laboratório de Psicologia Experimental em Leipzig em 1879. Trata-se de uma simplificação exagerada e excessiva do processo histórico. Todavia, a idéia de Zeitgeist é útil para lembrar-nos que os conhecimentos, as opiniões, os dogmas do momento histórico presente (por exemplo, o behaviorismo, ou outros "ismos"), formam uma parte e uma parte importante, de nossa existência. Compõem o conjunto dos estímulos aos quais os homens, inclusive os Grandes Homens, respondem. 2. Os Grandes Homens O Conceito de Zeitgeist sugere a existência de uma "alma coletiva". O conceito de "Grandes Homens" situa-se no pólo oposto. Segundo este modelo, os criadores da história seriam homens e mulheres excepcionais. 3. Abordagem psicanalítica ou da psicohistória Em última análise, toda a história é "psicohistória", considerada como o estudo do comportamento de homens e de grupos de homens. Neste caso, falamos de "psicohistória" num sentido geral, sem nos limitarmos à interpretação psicanalítica, freudiana da história. Infelizmente, a psicologia não foi capaz de oferecer aos historiadores um modelo de personalidade que seja útil para a reconstrução histórica. Com efeito, a psicologia científica enfatiza o estudo de leis gerais do comportamento, ao passo que a história está interessada no comportamento dos indivíduos. Recentemente, emergiu uma variedade de propostas de psicohistória, muitas vezes apresentadas como A psicohistória, baseadas na psicanálise. A psicanálise tem conotações que fizeram dela uma abordagem especialmente atraente para os historiadores. Pois ela tem raízes no estudo dos casos individuais e propõe um esquema interpretativo unificado de comportamento do cliente. O mesmo Freud pode ser considerado o primeiro historiador de orientação psicanalítica, na elaboração do texto Leonardo da Vinci: Um estudo da personalidade, publicado em 1947 em língua inglesa, e em língua alemã em 1910. A versão alemã tem um título mais modesto e instrutivo: Eine Kindheitserinnerung des Leonardo da Vinci, ou seja uma lembrança de Leonardo da Vinci. Existe um perigo real de que o relato psicanalítico se torne, conforme diz Hugh Trevor-Roper, (Reinventing Hitler, Sunday Times, London, 18 de fevereiro de 1973), um "conto de fadas clínico". Ao invés de basear-se nos fatos e proceder cautelosamente na interpretação da evidência até chegar às conclusões, os historiadores da escola psicanalítica recriam os fatos a partir de suas teorias. Freud fundamenta seu relato nas fantasias da infância de Da Vinci. A escassa informação existente é interpretada de modo demasiado gratuito. A psicanálise não proporciona um modelo satisfatório para a análise histórica, apesar da psicohistória representar uma perspectiva sedutora. 4. A perspectiva multifatorial Os eventos históricos assim como todos os eventos concernentes à conduta humana, são complexos. Este fato sugere a necessidade de utilizarmos uma metodologia pluralista. O modelo deve prever uma pluralidade de estratégias. O modelo dirige a atenção do historiador para variáveis que podem ser examinadas empiricamente e analisadas de modo satisfatório, e que se constituem numa base válida para a síntese histórica. Devem ser considerados seja o Ator, seja o Contexto do evento histórico". R.F. Berhoffer em seu livro A behavioral approach to historical analysis (Uma Abordagem Cultural para a Análise Histórica, New York: Free press, 1969), especifica que a tarefa primeira de uma análise histórica deve considerar a situação em que o ator se encontra, a sua interpretação acerca da situação e as suas atividades dentro da situação. Não podemos esquecer que os indivíduos atuam uns sobre os outros e deste modo geram atividades coletivas." (Final da parte II. Continua) Notas (1) Revisto por Paulo Roberto de Andrada Pacheco, mestrando em História das Idéias Psicológica, da FFCL/RP, Universidade de São Paulo. (volta) Nota sobre o autor Josef Brožek é Professor de Psicologia e Pesquisador aposentado da Lehigh University, Bethlehem nos Estados Unidos. Nascido em 1913, na cidade de Melnik, na Bohemia, naturalizou-se americano em 1945. É PhD pela Charles University, em Praga, na Tchecoslovaquia. Assumiu diversos cargos universitários na Europa e EUA, desde 1936, entre eles no M.I.T. (Massachusetts Institute of Technology), de 1980-1981. Autor de vários trabalhos, destacam-se os relativos a Comportamento na Desnutrição e História da Psicologia. É um dos pioneiros da História da Psicologia Moderna como área de pesquisa. Nota sobre a editora Marina Massimi é Livre Docente e trabalha junto ao Departamento de Psicologia e Educação na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, Campus de Ribeirão Preto, Brasil. Especialista na área de História das Idéias Psicológicas na Cultura Luso-Brasileira. Contatos: mmarina@ffclrp.usp.br. Memorandum, Abr/2002 Belo Horizonte: UFMG; Ribeirão Preto: USP. http://www.fafich. ufmg.br/~memorandum/artigos02/brozek02.htm

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