VI FESTIVAL DE DANÇA SOLIDÁRIA BRASÍLIA

O que descrevo como corpo orgânico, é a relação construída de viver e está associado a sentir o corpo. Uma mente integrada com o corpo, consegue sair dos automáticos movimentos de mecanização e congelamento das emoções. Ter um corpo vivo e integrado ao todo exige trabalho interno e externo. Não estou me referindo a malhar, que é importante, mas a toda uma postura de buscar a leitura do mundo interior. Está comprovado que nosso corpo adoece quando somatiza emoções, tem memória. No entanto tudo isso ainda é um tabu. O que é um corpo orgânico? É quando o corpo está integrado ao mundo e às suas sensações, cria experiência ou vivência, entra em outro espaço do tempo. Chega a desfrutar o Numinoso, aquilo que transcende a nossa racionalização, o inefável, aquilo que pertence ao reino do sagrado, transcendental, sentir sua própria presença no mundo. O corpo orgânico é o todo integrado, formando uma unidade. Esta organização interna só acontece quando começamos a vivenciar no corpo, quando a atividade corporal é traduzida em sabedoria sobre nós e a vida . Para Espinosa (1632-1677) filósofo moderno, o mundo, ou a natureza, é constituído de um todo infinitamente complexo onde, em cada criatura, ou coisa, se expressa um certo grau de força, uma força que está em constante interação com todas as outras forças circundantes. É um todo onde tudo é um, mas ao mesmo tempo infinitamente diferenciado, em perpétuo movimento, nas relações constantes de composição e decomposição. É também um mundo onde não há modelos morais ou tons acima, mas a questão é um pouco sobre como e de que forma, as diferentes forças interagem umas com as outras, como se fortalecem ou enfraquecem uma a outra, como elas parecem criativas ou destrutivas. A interação entre as forças é o que está no centro: em outras palavras, tudo se resume à questão de como as forças, nós todos, os seres humanos e tudo o mais combinado, como nós afetamos uns aos outros, constantemente, de forma consciente, inconsciente, intencionalmente ou sem querer e, nesse afeto, conjuntamente e constantemente a existência assume ou vem a tomar novas formas, cria identidades, eleva-se a novas constelações. Não se preocupe em “colar” uma técnica no corpo para poder dançar, você só faz a diferença quando encontra a sua linguagem secreta. E assim, você começa a se comunicar, se conectar. Tudo pode ser dança.

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