DANÇANDO MANDALAS

"Uma mandala no papel deveríamos fazer E numa dança a mandala iríamos refazer. A vida tem presente, passado e futuro. Na folha, somos o ponto desenhado, o começo de tudo. Do ponto sobe uma linha reta. É o futuro que nos espera.Mas não pode só no sonho ficar.Para o ponto deve voltar e o presente vivenciar . Mas a ele não devemos nos prender. Voltamos para o presente, após a pendência resolver. O presente é representado por cada traço.Que do ponto, para a direita e para a esquerda foi traçado.É o nosso momento exato. Depois vamos aos círculos desenhar. Eles confusos vão se mostrar.Isso diferente na nossa vida não vai ser.Da vida que nós costumamos viver... Primeiro a mandala foi traçada com rabisco. Depois comparada com a vida e o seu ritmo. Dançando veio a comparação do que foi dito. Antes ensaiamos com lápis com movimento preciso. Depois todas nós deveríamos dançar" Esse foi um trecho de um depoimento da senhora Oneida Marcos Rabelo Melo Mattos, casada com o segundo governador do Lions clube de Brasília, sobre uma oficina que ministrei para o grupo de idosas do Varjão. Uma experiência muito rica. Quando pensei na oficina, me veio logo uma reflexão sobre o tempo,e logo veio a vontade de usar o tempo como metáfora para dançar espaços internos e construir com elas um movimento de atemporalidade e prazer.Eu queria que por alguns momentos aquela realidade dura,aqueles corpos com tantas histórias de dores, acertos e erros, fosses recontadas ali.Mas como dar noções de tempo, ritmo, espaço e direções para pessoas que eu não sabia que saberes aqueles corpos conheciam? Eu queria propor uma dança para ressuscitar as lembranças e acender os conhecimentos. Me veio na mente um desenho em forma de mandala.Fiquei me achando maluca de além de ensinar a dançar o tempo, queria ensinar o desenho da mandala, para depois dançá-la. Meu lado audacioso venceu e arrisquei. Cheguei com papel lápis e lancei a ideia para elas. Antes de propor o desenho da mandala, falei sobre a linha reta como a forma do caminho para definir a variação do tempo, falei dos circulos que representavam no desenho a unidade, fluência do movimento com início, meio e fim, ou seja presente, passado e futuro.Falei também do espaço e da forma que percebemos o mundo através dele e como organizamos o espaço em torno de nós. E assim, começamos a desenhar a mandala que iria contar a história do tempo de cada uma, para formar uma grande mandala dançante.No início todas preocupadas com o desenho , se estava certo, calmamente fui explicando que o objetivo era desenhar a nossa dança, e não deveria existir a preocupação com o acerto.Tudo estava certo.Mandalas prontas! Levantamos para dançar.Caminhamos para frente, para as laterais e no centro da mandala executamos círculos.Eu vi muita emoção nos olhas daquelas mulheres, muito sentimento de pertencimento e união.Estava lá para doar e aquelas mulheres me mostraram raízes e belezas,eu recebi muito aprendi muito mais do que ensinei.Aliás não ensinei nada.Esta experiência me deixou muito clara a sabedoria do corpo, o conhecimento ancestral despertado através do movimento. Precisamos acender mais diante de todas as possibilidades de nos tornamos mais humanos. Desenhar uma Mandala é um excelente exercício de introspecção e meditação com efeito terapêutico, ajudando a obter auto disciplina, auto estima, auto afirmação, paz interior, criatividade, sensibilidade musical e libertação de stress emocional.Associar o movimento é trazer a experiência do sagrado para o corpo. "Mandala é uma palavra de origem sânscrito que significa "círculo". É uma representação geométrica da dinâmica relação entre o homem e o cosmo. De fato, toda mandala é a exposição plástica e visual do retorno à unidade pela delimitação de um espaço sagrado e atualização de um tempo divino. No tantrismo, compõe-se de círculos e quadrados concêntricos (ou seja, com um centro comum) que formam uma imagem simbólica do mundo e que servem de instrumento para meditação" Wikipédia

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