SEMIÓTICA DA DANÇA

Uma característica do teatro e da dança que pesquiso, é o foco na ação que emerge de um determinado símbolo para narrar uma história.  Sou uma artista que pensa o movimento e não me enquadro em modelos ou técnicas “prontas”. Uma técnica “pronta” é ponto de partida e não o fim. Minha investigação parte das ideias de uma dançarina que interpreta com ênfase o significado de cada movimento para realizar, por meio da dança, uma narrativa.Quando a dança tem significado ela tem o poder de se comunicar, verdadeiramentee com sentimento, tornando-se portanto uma linguagem universal.Escrevo há muito sobre o registro do movimento presente no corpodo(a) dançarino(a) oriental. Sobre as danças produzidas no oriente e a enorme dramaticidade que elas transmitem, me permito afirmar que elas (as danças orientais)carregam uma longa tradição e gestualidade, codificadas e sistematizadas por milênios. No ocidente, também temos uma longa tradição, vou exemplificar comparando o balé clássico, que eu respeito muito e reconheço sua importância. O fato é que, o balé clássico também é uma dança sistematizada e codificada com signos e gestualidade e, mesmo com uma suposta neutralidade do(a) bailarino(a), em detrimento da forma perfeita, o balé clássico também narra uma história com repertório tradicional.Muitos reclamam que não entendem a dança oriental porque não compreendem o vocabulário – os itens, e por isso necessitariam de um estudo prévio.Mas, no balé clássico, não seria a mesma coisa? Por se tratar de uma dança que surgiu na Europa? Precisamente em celebrações públicas, italianas e francesas,nos séculos XV, XVI e XVII? O balé clássico é uma das expressões artísticas de dança das mais complexas.Seus movimentos não se limitam somente ao chão: exploram também o espaço em saltos surpreendentemente belos. O preparo exigido para cada execução requer muita disciplina. É uma arte doce e forte. Quem entende a dança contemporânea com os seus hermetismose influências de técnicas? Apesar de todo o nosso empenho para,como artistas, nos fazermos entender em cena? Ou a nossa cultura ficou muito conceitual? Nós bailarinos(as) ou dançarinos(as), lutamos todos os dias numa sala de treinamento para comunicar a verdade da alma em cena.E como professores de dança, ainda temos que lidar com a falta de investimento em cultura no país e com a dificuldade para o acesso do público à dança e seus códigos.Claro que dentro deste cenário existem pesquisadores, bailarinos(as),dançarinos(as), teóricos, técnicos e até patrocinadores determinados a criar espaços para o diálogo, formação de publico e honrar o legado da dança. > SEMIÓTICA “(gr semeiotiké) sf 1 V semiologia (acepção 2). 2 Doutrina filosófica geral dos sinais e símbolos, especialmente das funções destes, tanto nas línguasnaturais quanto nas artificialmente construídas; compreende três ramos:sintaxe, semântica e pragmática.”(In Dicionário Michaelis). 

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