JOSEPHINE KING - SELFISH BITCH FEMALE ARTIST

Josephine King – Selfish bitch female artist é um documentário produzido em 2013 pelos cineastas Carmem Maia e Gustavo Rosa de Moura e retrata a artista inglesa que dá nome ao filme. Josephine é bipolar, descobriu-se doente aos 30 anos. Aos 40 começou a transferir para o papel as emoções derivadas do viver. Suas figuras são sintomáticas, refletem suas dores molduradas por frases e palavras que a motivaram no momento da criação. O filme é a construção de uma tentativa de encontros. Josephine, através de sua pintura vai de encontro consigo mesma em uma série de autoretratos expressivos e de cores berrantes, enquanto que os cineastas vão de encontro com as pinturas através de Josephine. Em algumas cenas, Josephine veste as roupas que usou para se pintar e representa ao vivo o retrato da tela. A psicanálise defende a arte como ferramenta e meio de relação com o mundo. Ela exterioriza suas frustrações e passa para um outro plano as suas dores, aliviando-as. Transfere-as no plano da consciência para o plano visual. Constrói-se uma simbologia com tons e significados que criam uma forma visual, gerando uma satisfação ao transformar as dores em algo belo. O filme percorre algumas experiências de Josephine afim de tentar trazer uma compreensão da sua obra. Se uma obra de arte, definida pelas ciências sociais (sociologia, psicologia e filosofia) é resultado da interação do ser com o mundo e a sociedade, buscar a biografia é um caminho de compreender e até se contaminar com as produções. Josephine tem uma ideologia feminista mas não como proposito para as suas pinturas. A artista faz um panorama sobre ser artista e principalmente sobre ser mulher. Diz que por mais que algumas pessoas a aprovem, a mulher moderna e independente sempre será vista como uma vadia egoísta (selfish bitch), subtítulo que deu nome à sua exposição, onde teve todas as pinturas vendidas. No desfecho do filme, a cineasta levanta a reflexão sobre Josephine ser ou não artista, e se suas pinturas podem ser consideradas arte. A empatia com as pinturas de Josephine é grande, tanto de apreciadores de arte quanto pessoas com conhecimento superficial sobre o assunto. A grande questão é de como suas imagens tocam as pessoas, tanto as emocionam quanto as incomodam. Pinta um ser dolorido em seus retratos, mas um mundo que chega a ser lúdico, com personagens infantilizados e as vezes até cômicos. A narrativa é construída com cuidado e imparcialidade, mostrando no final as relações de um artista com o meio industrial em que a arte acaba culminando. É um duplo sempre bem-vindo, a sétima arte reproduzindo a terceira arte. Aline Barros Assista ao trailer. http://mirafilmes.net/destaques/josephine-king/

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