O CORPO QUE DANÇA E SUA EXPERIÊNCIA DE CURA

Quando decidi entender a minha vida e buscar o sentido dela, busquei primeiro a experiência como fonte de todas as minhas descobertas.E fui lendo bastante, vinculando terapias corporais ao meu trabalho pessoal em direção a uma arte mais sincera e menos comprometida com o sistema. Meu compromisso sempre foi com o outro, eu sempre concebi a minha dança e construí no meu corpo possibilidades que possam trazer o outro para um estado de amor, uma atmosfera ritualística sem ser religião. Mesmo sabendo que foi através de uma filosofia oriental que descobri a dança e a minha espiritualidade. Eu percebo que quando uma experiência passa pelo nosso corpo e nos emociona é impossível voltar ao estado anterior. Recentemente abri uma turma de dança e o que era para ser uma aula, virou uma grande troca de cura. As alunas trocaram suas máscaras sociais por abertura e sinceridade. Uma aluna me disse que busca a cura através da dança, narrou com grande beleza sua luta no cuidado de ter dois filhos especiais e se descobrir autista também.Eu me reconheci naquela fala, daquela mulher doce, magra e aparentemente frágil mas que exalava uma força incomensurável, Venezuelana que adotou o Brasil, com uma mãe Xamã. Tudo muito especial, outra aluna muito rica de alma, com olhos expressivos e beleza suave, incrível como sua beleza foi se revelando para ela mesma e aos poucos sua alma foi nos desvelando sua beleza tão delicada e sutil e havia outra aluna que é um verdadeiro instrumento de pureza e verdade, com os seus olhos grandes ávidos de beleza e ternura. E havia também uma fotógrafa maravilhosa que nos presenteou com fotos, foi como se o universo quisesse nos presentear com o registro daquele instante mágico que acontecia diante de nossos olhos, naquela tarde silenciosa, mulheres se reuniram para dançar a si mesmas, e na roda da vida, esta dança virou uma grande ciranda, uma dança de almas que querem se aquecer do frio e do deserto do mundo.A dança pode sim ser um grande portal de enriquecimento uma ponte entre os nossos antepassados e a nossa linha de crescimento e evolução. As melhores coisas da vida, nem sempre conseguimos explicar,não existem palavras suficientes para descrever a magia de ser e se pertencer.Por mais que eu tente,minhas palavras aqui jamais traduzem o quanto é incrível encontrar pessoas que sentem o mundo como nós. É tão comum sofrer por ser diferente. É quando um milagre acontece e certo dia tudo passa a fazer sentido, é como se abrisse uma porta mágica e tudo o que achamos de ruim em nós mesmos e nos leva ao sentimento de isolamento por sermos muitas vezes incompreendidas, por sermos o que somos, não existisse mais. E por algumas horas você sente que está no caminho certo e que ser diferente e sentir o mundo com outras lentes passa a ser motivo de celebração, porque tudo o que aprendemos justamente por não fazer parte do padrão é a mola propulsora para melhorar o mundo.

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