"O RESTO É SILÊNCIO"

O artista na minha opinião vem ao mundo para encontrar a sua essência. Toda obra criativa revela a identidade de quem a fez.A assinatura do artista acontece quando a sua forma é única. No entanto, além do cruzamento do talento, sorte e originalidade não somos livres. Hoje somos patrulhados pela "policia das ideias. O pensamento livre vitimou muitos artistas e pensadores em toda a história. Expressar o Pensamento,pode ser uma sentença de morte. Atualmente só me sinto livre dançando. Danço o sagrado e busco inspiração no que vejo de belo no oriente e ocidente. Não intendo porque estamos tão divididos. Porque a humanidade não encontrou ainda outra maneira de discordar sem ofender e matar. Eu acredito na luz e sombra da condição humana e no papel da arte. Eu sei que vivemos o 1984( Livro do George Orwell)ele conta a trajetória de Winston Smith, refém de um mundo feito de opressão absoluta, onde pensar era considerado crime gravíssimo, distopia que está ficando muito presente . Percebo que está muito difícil encontrar a verdade, amortecida por tantas opiniões, uma verdadeira babel. Eu gosto do segredo, mesmo num mundo que rompeu a fronteira entre o privado e o público. Uma planta cresce através da semente no fundo da terra, crescemos dentro do útero da nossa mãe. Preciso do silêncio, da inocência perdida, de não saber alguma coisa e da descoberta atônita da total loucura que vivemos. Não penso em me isolar, adoro mostrar o meu trabalho e escrever nesse blog. Todo o mundo tem o direito de estar conectado ao mundo. Preciso crescer secretamente,clarear os meus mistérios. O que me assusta é perder a minha sacralidade de me perder sem ser encontrada, rotulada e analisada. Será que como dizia Raul Seixas, temos que ser" carimbados, rotulados,registrados, avaliados, se quisermos voar?" O que fazer para ser artista e tomar cuidado para não ficar amestrado com as leis de incentivo do governo, para não esvaziar o conteúdo e a profundidade de nossa mensagem? Para mim é sendo verdadeira, honesta comigo mesma. Também sou do processo, aprendo muito vendo o caminho criativo dos artistas que me inspiraram e me ajudaram a ser como sou. O dilema é ser livre e ao mesmo tempo está sintonizada com "o porquê, do para quê e para quem fazemos o que fazemos" Mas não condeno nada, eu defendo o direito de cada um expressar o que sente. Eu que sou assim, com esse vício de pensar e pesquisar o que faço e no efeito que vou provocar. Se não tenho nada a dizer, a dançar, que contribua de alguma forma para melhorar a vida, a alma de alguém, prefiro o silêncio. Meu avô sempre me dizia " De pensar morreu o burro". Será? será? " O RESTO É SILÊNCIO"

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