NO MOVIMENTO

Fechar os olhos para fora, e abrir os olhos para dentro. Proponho um modelo de aula, onde o foco é a experiência com o corpo.Afirmar potência e expandir-se. A técnica como veículo e não o fim. Exercícios pertencentes ao oriente e ocidente. Importante como artista, ter o processo como o caminho para a minha jornada interior. Da mesma forma que penso nas minhas aulas de dança, o contato profundo comigo. Não se trata de terapia, nem de religião. O foco é o aspecto sublime da dança, que muitas vezes não emerge em quem quer aprender a dançar. A dança vai além de coreografias complexas e muito menos, nos deixar com sentimento de inferioridade. Criei um ambiente sem competição, não importa onde sua perna pode chegar, nem quantas piruetas consegue dar.O aspecto não heroico da dança me interessa. Tomei emprestado da dança clássica Indiana,a atenção nos detalhes para se dançar o corpo todo, pés, mãos, olhos, a relação do corpo simbólico e sagrado, e a complexidade da assimetria dos movimentos aliados a combinação matemática. Importante também, o legado ancestral, com enfoque nas possibilidades construídas ao longo do estudo do processo de pesquisa de vários encenadores e coreógrafos como Stanislawiski, Pina Baush, Jerzy Grotowiski, Antonin Artaud, Eugenio Barba e várias experiências experimentadas no meu próprio processo, somadas ao constante interccâmbio com artistas de várias partes do mundo.Cheguei ao meu formato, meu jeito de ensinar dança, com tudo o que sinto, sendo eu mesma. Vivenciar o silêncio e a pausa. Construir no corpo seguindo sua voz. O corpo fala, mas não ouvimos.Sugiro que construam um jardim secreto, para manisfestar ternura e encantamento. Muitas vezes bater os pés numa aula e dançar combinações de ritmos, batidas do coração da terra, podem fazer alguém pulsar junto com a vida. Uma aula sobre nossos sentidos, no toque dos poros na pele,não se trata de neurônios, e sim de intuição, delicadeza, força, introspecção. Dar razão ao corpo. Encontrar sentido no corpo é cuidar de si e sintonizar a potência oculta,para poder manisfestar uma dança singular. Se a referência para pensar o mundo não é mais o corpo, o mundo passa a ser idealizado. A dobra do tempo é feita para estar no passado ou no futuro.Perdemos a beleza de fruir o instante, desfrutar o aqui e agora. No mundo moderno é muito fácil ver sua alma sendo esmagada, é uma invasão promíscua, atravessando o sujeito por todos os lados, portanto é urgente alimentar o espirito com poesia corpórea. " Só posso acreditar num Deus que possa dançar"

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