"A POÉTICA DO ENCONTRO"

Hoje dancei sutileza.Encontrei um espaço que quase se perdeu diante da pressão do cotidiano. Realmente não sei viver sem imaginação e beleza, para mim é a morte. Durante uma aula,uma amiga, transgrediu o passo e me deu um abraço demorado e acalorado.Eu estava tão forte à força que nem tinha percebido o quanto estava precisando de um abraço cheio de afeto.Eu estava precisando de olhar nos olhos, dançar em roda e sentir a minha humanidade sendo parte do movimento de todos. Esta é a beleza do movimento,e a sua linguagem oculta, que nem precisa das palavras,o não dito comunica e abre espaço para um lugar que não nos foi permitido conhecer, mas está lá latente,como se fosse uma segunda pele, uma memória submersa.E a dança chega de mansinho e integra e nos promove o encantamento pela espécie humana.Num certo momento dançamos um minueto,uma dança em Pares, movidos pelo toque das mãos. Nós flutuamos pela sala e a cada troca de parceiro uma reverência de despedida. Fiquei muito grata à vida por ter escolhido não me embrutecer, por ter escolhido seguir meu caminho tendo o movimento como ponte para me entender e ser uma presença diante de outra presença. É o afeto e a verdade que transforma um momento em beleza.Na perigosa travessia da vida é diante da presença do outro que encontramos nossa verdadeira natureza.O corpo precisa ser integrado à nossa experiência.O pensamento sem a vivência no corpo não permite nossa passagem secreta para mundos internos.E sem esta permissão continuamos estrangeiros,sem um significado existencial,completamente fragmentados e privados da experiência de pertencer.A cultura capitalista tenta nos vender a ilusão de que a felicidade está contida nas coisas e que quanto mais consumimos mais pertencemos e somos vistos e qualificados, pura ilusão coisas são as coisas e têm sua importância, mas não nutre nossa alma.A maneira mais bonita de encontrar nossa alma é colocar o corpo como centro do processo, é na experiência e na vivência do simples que encontramos a vida que pulsa dentro de nós.

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