PAPEL BRANCO

Histórias para acalentar a alma. Sonhei que estava terminando uma apresentação e convido o público para subir ao palco para comer doces. Convidei a criança de cada um para se deixar envolver pela magia da presença. Os espaços para o lirismo, precisam ser preservados. A sombra gigante que estamos envolvidos necessita de sonhos e de muita luz. Estamos construindo beleza, cooperativismo e um mundo holístico e ao mesmo tempo cercas, muros, repressão, retrocesso.O que me assusta não é o frenesi e sim o excesso de informações negativas da indústria do medo, em detrimento da difusão de projetos ou novas idéias.O mundo está cheio de possibilidades, só é necessário difundir. Eu tenho a alma vinculada à poesia, da potência das idéias e da utopia de mudar o mundo. Não consigo conceber a vida sem sonho,criação, poesia e liberdade. Atualmente falamos mais de pessoas e fatos do que de ideias. E reflexão sobre como melhorar o mundo é fundamental. Adoro ter projetos.Eu preciso da síndrome do papel branco, para expressar minhas idéias e materializar meu universo, criar novos mundos.Lançar minha garrafa ao mar. Vou me costurando através de vários caminhos, e muitas vezes, com antagonismo da ideia inicial.construindo parcerias,trocas, e grandes intercâmbios e encontros. A literatura, a pesquisa para dissecar minha técnica, a natureza como minha aliada, para serem transformadas em gestos, movimentos. Necessito do cinema e não é qualquer filme, psicologia, investigo meus sonhos e anoto. A arquitetura tem papel fundamental na criação coreográfica, a geometria sagrada e a relação do espaço com o corpo e o tempo. A fotografia é muito importante na construção da minha gestualidade, o silêncio, a pausa, o autoconhecimento, o diálogo que vou criando dentro de mim diante do mundo. Todos os atalhos para me perder no caminho, virar de cabeça pra baixo e me distanciar do óbvio, do caminho fácil, da minha sombra, a minha essência, que é minha matéria de alquimia transformada em cena. Encontrar uma linguagem lírica, permanecer no mistério, não significa alienação, significa expressar a poética do meu ser e transformá-la em sentido para a alma de alguém, posso falar da morte, do terror, de perdas, de encontros e desencontros com o público, declarar meu amor à humanidade.

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