O CORPO COMO EXPERIÊNCIA E DEVIR

Vivemos em vários mundos e direções muitas vezes opostas ao que a nossa alma pede. Muitas vezes até esquecemos do nosso maior aliado, nosso corpo. O corpo ensina e quando deixamos a experiência se manifestar através do corpo encontramos o nosso vazio, o inefável, o numinoso. O conceito de devir vem do latim, devenire, e significa chegar. É um conceito filosófico que significa a mudança pelas quais as coisas passam. O conceito de "se tornar", nasceu na Grécia antiga, pelo filósofo Heráclito de Éfeso no século VI A.C., que disse que nada neste mundo é permanente, exceto a mudança e a transformação. Somos feitos de ciclos,de qualquer experiência que leve o corpo para vivenciar estar vivo. E quando menos esperamos temos algum entendimento de nós mesmos, uma revelação do corpo para nós. O conhecimento acontece onde as palavras não alcançam, os pequenos átmos de segundos de presença, quando nossas vozes internas param de falar e apontar julgamento e definições. O ideal são trabalhos corporaes que liberem esse estado de presença de qualidade e rompam com o tempo e o espaço. Somos o devir, o tornar-se,"um poema inacabado", impermanência. Somos seres agarrados a vontade de possuir, ter, acumular e tudo o que a vida nos pede é para viver no presente e liberar tudo, experiências, memórias e desejo de posse. Desapegar talvez seja um dos nossos grandes desafios. Eu escolhi viver através da experiência proporcionada pelo meu corpo. Aprendo todo dia a corporificar e liberar as emoções guardadas, a resgatar a minha sacralidade no cotidiano, encontrar Deus nos detalhes. Ontem na minha aula de Biodança, conversamos como nossos ancestrais, eu tenho muito orgulho do meu grupo, tentamos juntos apontar um caminho para acessar esse espaço do desapego, do sentimento de que estar vivo. Vivenciar o milagre de fruir, saborear, sentir sua própria vibração,estar presente no presente. Ser humano já é uma experiência, encontrar nossa humanidade é o nosso desafio. Antes da supremacia do pensamento, o corpo, as sensações e a relação com a natureza eram simbióticas. A história e o pensamento como detentor de todas as respostas para a condição humana foi matando a vida em nós. Construímos nossa história negando a vida em nós.

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