DANÇAR A JORNADA DA ALMA

Devemos ao sábio Barata o Natya Shastra, o tratado das artes do teatro-dança clássico Indiano incluindo a dança e de onde me inspiro através da dança clássica Indiana, para criar meu estilo e estética para criar minha dança .Esta dança é uma arte completa. Poesia corpórea nos movimentos das mãos, do rosto, da percussão dos pés.Gestualidade simbólica que inclui o traje , os instrumentos, a escultura, a arquitetura templária, a música,a poesia e a metafísica, dança e teatro são linguagens simultâneas, em uma única manifestação. A dança corpórea oriental que proponho é uma maneira de relacionamento com o corpo, uma percepção ampliada da nossa corporiedade que se manifesta através da sabedoria do oriente, onde a dança é o pensamento em ação, onde criamos um espaço dentro de nós para valorizar o não dito.A linguagem separa o corpo une, porque quando sou tomada de perplexidade ganho pensamento interno e aprendo a demorar nas sensações sem palavras. A experiência do mundo é feita pelo corpo e a vivência do espaço interno amplia nossa experiência no mundo.A geometria sagrada da dança por exemplo,frente,costas,estar por cima,estar por baixo, as mãos e pés em direções opostas, a cabeça e os olhos em direções opostas, os braços, pernas, quadril em direções opostas em diferentes categorias de tempo, com o corpo em espiral, círculos, diagonais, revelando uma arquitetura simbólica do ser, muda totalmente a nossa percepção gerando novas sinapses no cérebro. Toda a atmosfera de uma aula com esse elementos têm como objetivo criar presença,mistério, ritos e o pensamento sobre si mesmo e a condição humana.Se os espaços se constroem com números e medidas, existe uma geometria subjetiva que a dança oriental revela através da vivência do complexo e do sutil que reside nos detalhes.Estes símbolos no corpo aliados a meditação criam a liberdade de integrar cada parte do corpo e vê-lo através do fragmento para depois sentir o "todo" e fazendo parte da totalidade e se transformando em unidade que determina a forma como percebemos os lugares e encontramos nosso espaço interno e externo. Qualquer gesto feito com consciência e desdobramentos abre novas perspectivas, abre espaço dentro de nós para tornar comovente o banal, despertamos para a nossa linguagem secreta, nossa dança pessoal sagrada porque desperta nossa relação com a nossa força oculta que reside na força e na delicadeza dentro de nós e o mundo passa a a ser todo sentido. Meu corpo pode ser um reservatório de prazer, delícias, dores, sombras e luz,nele é possível acessar memórias, sentimentos,sensações, o divino que reside em cada um de nós e nos ajuda a desenvolver piedade e gratidão por nós e pelo planeta. Um corpo vivo, orgânico,sensual e cósmico.Para dançar felicidade, inocência, tolice, energia. O jogo do mundo movendo no meu ser.

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