O SAGRADO NA DANÇA

Quando eu danço penso em ações, movimentos que formam sequências coreográficas com significado, o sagrado está contido na profunda conexão comigo mesma e a presença no instante. Sou toda e plena em cada gesto. Quando a dança é regida por presença e profundidade ela promove um efeito hipnótico na platéia. Chega a um ponto onde ela deixa de existir, todos dançam um balé cósmico.Não há dançarina, apenas a dança.A separação entre dançarina e público inexiste e todos fazem parte do mesmo rito. A minha experiência com o sagrado na arte, vem da minha relação com o oriente e depois, quando entrei em contato com minhas raízes, verifiquei que através dos ensinamentos encantatórios de minha avó, suas histórias mágicas e a sua sacralidade estampada no seu cotidiano.Minhas raízes me levaram a este caminho, uma jornada em direção à dança,onde o palco é um altar e o contato com o outro minha cura. Preciso deixar claro que não existe misticismo, fé, fumacinha que faça alguém atingir este estágio de entrega e magnetismo. Tudo é uma questão de treinamento, estudo e pesquisa, não baixa nada. Toda a força do aqui e agora não nos é "dado de bandeja", não estou falando aqui de dom,talento, de gênios que já têm um carisma, mas isso é para poucos. Não adianta caprichar na produção e no figurino e numa técnica repetitiva, criar um nome incrível, se não houver verdade, será apenas uma dança vazia, oca de vontade, superficial. No entanto poucos conseguem se enveredar pela arte sem pesquisa e aprofundamento e criar algo profundo.O que vejo e tenho muito cuidado é para não deixar minha vaidade me impedir de me doar. Sempre que começo um projeto penso se realmente vai fazer diferença,se vai acrescentar beleza e poesia e reflexão. A arte existe para dar notícias da nossa humanidade para o mundo, é revelar que o seu humano é cheio de possibilidades, que o cotidiano pode ser mágico, quando olhamos com outros olhos.Todo ato feito com amor é sagrado

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