SOU AMIGA DAS ÁRVORES

Dançar a natureza surgiu em 2008, através da minha experiência com uma árvore que ficava em frente à minha casa. Um dia aconteceu uma tempestade durante a noite e de manhã quando abri as janelas, vi a imagem surpreendente de uma árvore, metade em pé, metade no chão, um raio a cortou ao meio! Era a única árvore da paisagem,trava-se de uma árvore que reinava soberana, enorme e frondosa.Eu sempre a cumprimentava ao acordar. Incrível foi a maneira digna, como suportou aquele golpe, sua postura de rainha, altiva e digna expondo a sua divisão. Na época pensei em aprender com ela a me manter de pé, íntegra apesar de estar cortada ao meio. O fato é como tirar forças para sair inteira das situações difíceis, depois de ser cortada ao meio por um raio. Acompanhei o seu processo de recuperação e nossa relação foi aprofundando. Até que um dia virou uma dança. Me mudei para outro lugar, e nunca a esqueci. Depois dancei os quatro elementos, fiz coreografias baseadas nos movimentos das árvores, virei muita coisa. O inefável , a chuva, uma árvore,uma escada,um mistério,uma sombra, um jardim, o torto, o erro, o acerto, uma flecha, o contínuo,a que flutua, um barco, a selvagem, uma brisa, o limite, a falta de limite, o caos, eu. É claro que a vida me ensinou a perder um pouco da malícia.Eu acho que encarnei. Sobrevivi a algumas perversidades. Mas isso me deu um grande poder sobre o que estou fazendo agora e consciência da profundidade da minha dança e o que ela provoca, o efeito do meu estado em cena. E assim vou afinando a minha percepção do mundo, ás vezes o som é dissonante. Importante é deixar o caminho aberto, caminhar no vazio, esvaziar, olhar para mim mesma com profundidade e me reencontrar, descansar em mim. Esse processo contínuo de olhar a minha essência e dançá-la, me permitiu encontrar uma relação com a natureza e virar dança.

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