DANÇAR A AUSÊNCIA

Para ter atitude. A sociedade do conhecimento exige ação, coragem, determinação, ou seja, exige corpo integrado, relação com o mundo. Como vou ser ética, se o meu corpo é dividido em pedaços? Preciso entender o sentido de estar no mundo. Celebrar meus mistérios.Danço partes desconhecidas em mim, seguro nas mãos dos meus ancestrais. Estou exumando memórias submersas, que me fazem a todo momento desconstruir ações que não sei se partiram de mim ou destes fios invisíveis.Preciso do rito.Religar ao cósmico.Derramar minhas emoções num oceano de solidão , sabendo que sempre serei onda, buscando comunhão com o mar. Quando danço viro o mar. Para viver um mundo novo e mudar a minha ação cotidiana e a permanente recuperação do meu gesto espontâneo e orgânico, que muitas vezes fica poluído pela cultura da mesmice, e do politicamente correto. Dançar é a ponte que me liga ao meu lado transgressor. A primeira relação com o conhecimento é uma relação física, ganha-se movimento que vai ser traduzido em linguagem. Capacidade de improvisar, viver o inusitado, prolongar as sensações sem palavras. Valorizar o não dito. Qualquer gesto com consciência e desdobramento, abre novas perspectivas. Aprender a criar a minha dança pessoal e não repetir técnicas. Quero experiência, prolongar sensações e corporificar, para treinar limite,improvisação, consciência corporal,categorias de direção,tempo,energia, dançar o instante, a minha presença. Espaço é o que a nossa experiência faz dele.

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