DANÇAR A EXPERIÊNCIA DE SER

Escutar a vida. O percurso para encontrar a integração do agir, sentir e pensar que está relacionado ao processo de descoberta dos próprios potenciais. A dança é o meu canal de integração, quando estou dançando sinto que faço parte de tudo,vibração, percepção e presença. tenho a oportunidade de encontrar o processo para desenvolver no meu corpo as minhas possibilidades. " Penso logo existo"? Nem sempre. Prefiro sentir, pensar e agir, não necessariamente nesta ordem. Os três centros dificilmente funcionam simultaneamente. Uma pessoa pode ter a ação e não ter a capacidade de sentir e vivenciar as suas emoções, pensar e não agir. " A arte pode ser um veículo". Interessa buscar o caminho do sublime. Não estou escrevendo sobre a política do "pão e circo" ou de qualquer arte produzida pela humanidade de todos os tempos. Não escrevo sobre a necessidade de consumir arte. Escrevo sobre a arte que inspira, transpira sentimento e cria experiência e vivência. Todo artista busca esta simbiose, para que a sua arte seja uma experiência profunda na vida de alguém. Arte deveria intermediar as relações de maneira simbiótica. A metafísica da arte que produz atmosfera e nos devolve o sentido, os símbolos e a resposta da vida para as questões que a filosofia, a religião a psicologia, a ciência e todo o saber epistemológico tentam nos responder. Eu consigo encontrar as minhas respostas, mesmo sabendo que mesmo sentindo o"colo" da arte, voltarei ao vazio, mas nunca serei a mesma, toda experiência cria sabedoria e potencializa nossa identidade. Experimento poética no meu corpo através da dança, da música, do teatro, enfim qualquer vivência que permita a pausa, o silêncio, sair de mim mesma, algo que me devolva o fogo e a vontade de estar viva. Preciso investigar mais, porque toda resposta passa a ter sentido quando a pergunta surge da minha antítese, da minha complexidade e vontade de encontrar o meu lugar no mundo, que muda constantemente. Ritos, tambores, risos e encontro a minha individualidade celebrando a coletividade, o particular e o universal. Identidade e diversidade, como princípio para ampliar a capacidade de me sentir incluída e fazendo parte da espécie humana. Eu acredito que muitas crises na humanidade vêm desta sensação de não pertencimento, de estranhamento, de se sentir estrangeiro, "um ponto fora da curva". Entendo arte como o processo de busca, pergunta e da necessidade de mostrar o óbvio, o cotidiano e a natureza humana e resignificar através de novas formas, novos olhares. A resposta vem do corpo, da alma, da vivência, do encontro com mestres da dança, do teatro, da filosofia, da espiritualidade e do mestre que está dentro de cada um. O mundo contemporâneo nos "roubou" a privacidade.No entanto todo ser é sozinho. Uma planta nasce sozinha em silêncio,com o tempo, nascem outras singularidades para construir o todo. Somos todos canais e mestres uns dos outros.

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