CAMINHAR

Participei de uma aula de Biodança,(Segundo pesquisas, a Biodança é um sistema afetivo e desenvolvimento humano fundamentado em intensas experiências no “aqui e agora” criadas por meios dos movimentos de dança com músicas específicas, compatíveis em encontros não-verbais, focados em olhares e toques físicos. Essa sistemática foi criada na década de 60 pelo antropólogo e psicólogo chileno Rolando Toro Araneda( 1924-2010) e está presente em diversos países da América Latina, Europa, Canadá, Japão e África do Sul até os dias atuais). Aula com a facilitadora Neusa Ribacionka. A proposta da aula era para dar atenção às pernas.Experimentamos maneiras diferenciadas durante o caminhar, utilizando vários planos altos, médios e baixos, dialogando com o espaço.Vivenciamos também sensações, através da nossa imaginação, por exemplo caminhar na praia com a água batendo no joelho, na areia quente, na grama, andar na selva, criar movimentos de oposição, obstáculos durante a realização da trajetória.Eu imaginei galhos, folhas, abismos, animais predadores impedindo o meu caminhar.Quando finalizei a sequência coreográfica, observei que não havia parado nenhuma vez. Percebi que muitas vezes interrompia o meu movimento nos primeiros obstáculos, nos primeiros desafios, para depois repetir novamente. tantas vezes refiz esse exercício que o movimento com o tempo ganhou fluidez e a sequência passou a ser contínua, sem interrupções e os obstáculos foram totalmente incorporados à minha gestualidade. O corpo ensina muito sobre como estamos dialogando com a vida.Inúmeras vezes fiz exercício de caminhar e só agora me olhei de forma diferente. Não sou mais a mesma, posso caminhar apesar dos obstáculos criados por mim ou pelas circunstâncias do instante vivido. Finalizamos a aula caminhando como reis e rainhas e abençoando nossos pés. Muitas pessoas escolhem caminhar por terras sagradas, montanhas, florestas para se encontrar ou se perder. Eu acredito no processo de caminhar para dentro de si mesmo, para encontrar luz, amor, verdade e o entendimento da própria caminhada. Dar significado à nossa presença no mundo. O meu mestre é o meu corpo. Lembrei de Heráclito,(aprox. 535 a.C. - 475 a.C.) filósofo pré-socrático, que no século VI A.C. dizia que não entramos duas vezes no mesmo rio. Não entramos duas vezes no mesmo rio,nem o rio é o mesmo,muito menos nós.

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