BUTOH - VIDA E MORTE

O Butoh, estilo de dança/teatro japonês, faz o Leste encontrar o Oeste. Como boa parte das expressões culturais do Oriente, o "butoísmo" mergulha na introspecção para buscar o mito de cada um por via da aceitação e integração dos dualismos.

O Butoh, estilo de dança-teatro japonês surgido no pós-guerra é inspirado no limite entre o mundo dos vivos e dos mortos e na percepção dualista de opostos – como a imobilidade e a mobilidade e a luz e as trevas. O estilo foi fortemente influenciado pela tensão entre a visão Ocidental e a Oriental e entre a tradição e a modernidade em um período de dissociação do espírito nipônico.
Um trabalho freelancer me fez ir atrás do tema em 2012, que só conhecia por alto por conta do filme Hanami.O background filosófico do Butoh é formado por influências tão distintas e paradoxais como o zen budismo e o Teatro Nô de um lado e o surrealismo e o expressionismo europeus de outro. Anticonvencional e marginal, a arte é mais popular no Ocidente que no Japão.
O estilo nasceu com o nome de Ankoku Butoh, ou dança das trevas, criado por Tatsumi Hijikata (9 de março de 1928 - 21 de janeiro de 1986) e Kazuo Ohno (27 de outubro de 1906- 1 de junho de 2010). O primeiro espetáculo, “Kinjiki”, “Cores Proibidas”, inspirado em livro de Yukio Mishima, teve como tema a homossexualidade e ocorreu em 1959.

O humanismo sem máscaras da estética do Butoh, que inclui reflexões sobre violência, amor, sexo, solidão e vida e morte exige uma entrega radical dos dançarinos-atores. Uma de suas premissas é o descondicionamento das cargas morais, mentais e emocionais que se refletem em “marcas” no corpo, nos gestos e expressões. Alinhado com a abordagem zen budista, o dançarino de Butoh deve buscar o vazio que permite o acesso a seu inconsciente, à sua historia e seu eu verdadeiros, bem como a percepção da impermanência.

Nascido como uma reação à ocidentalização do Japão recém liberado da invasão norte-americana do pós-guerra, o Butoh, paradoxalmente, buscou beber também das fontes do Oeste. Tanto Tatsumi Hijikata como Kazuo Ohno foram fortemente influenciados por escritores, artistas e movimentos europeus, contemporâneos ou não - a arte de Hijikata é tributária da obra de escritores como o Marquês de Sade e Lautréamont, que viveram nos séculos XVIII e XIX, respectivamente.
O surrealismo, o dadaísmo e o expressionismo, suas pinturas, esculturas e filmes (Metrópolis, Nosferatu...), escritores e personalidades como Antonin Artaud e Jean Genet forneceram uma referência poética e estética a nova arte, que exigia a mobilização de conteúdos que escapassem à norma. Na dança uma das maiores influências foi a dançarina e coreógrafa alemã Mary Wigman, com a qual Ohno estudou.
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